A cada dia que passa, descobrimos novas fragilidades
na Ação Penal 470, dita do “mensalão”. A conhecida insuficiência de provas nas
acusações mais importantes foi agravada recentemente pela descoberta de alguns estratagemas para ocultá-la. O que poderia soar como equívoco passional dos acusadores (ainda
que induzido por pressões externas) ganha aspecto de artimanha.
Por isso é impossível não enxergar certa malícia
nos rompantes vulgares de Joaquim Barbosa. Através do personagem grosseiro e
autoritário, o relator consegue desviar o foco dos atalhos “pragmáticos” que
utiliza para suprir as incompletudes técnicas de suas convicções. Temendo as
baixarias do mártir da causa condenatória, os ministros talvez prefiram
agradá-lo para acabar logo com o transtorno e evitar o desgaste público.
Devido à escandalosa politização da primeira fase do julgamento, a sensatez obrigaria os magistrados a acatar os embargos
infringentes da defesa. A tensão dramática mantida pelo protagonista não
permite que os coadjuvantes mudem o enredo da farsa com a serenidade necessária.
Resta saber como ele reagirá caso os outros decidam confrontá-lo abertamente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário