O afastamento do PSB da aliança governista federal
tem sido superestimado. O estrago que muitos anunciam não se realizará, agora
ou em médio prazo, no âmbito legislativo ou no eleitoral.
Os votos no Congresso e os acordos regionais do
partido continuarão seguindo conveniências que pouco ou nada têm de
programáticas. E Lula está certo ao especular que a separação pode ser revista
dependendo do quadro sucessório de 2014. Ou seja, que ela esconde uma
corriqueira chantagem fisiológica.
A questão da governabilidade é relevante, muito
mais complexa do que definem os puristas da moral alheia. E o PSB tem bons
quadros. Mas, convenhamos, ele nunca se dedicou realmente ao projeto político liderado
pelo PT, ou a uma estratégia mais ampla de poder que tivesse algum contorno progressista.
Qualquer desses objetivos seria inconciliável com
o apoio a governos estaduais e municipais demo-tucanos, particularmente em São
Paulo, onde o partido fortalece a blindagem imoral de Geraldo Alckmin na Assembléia Legislativa. Um mínimo de coerência doutrinária também evitaria a filiação
oportunista de conservadores e excêntricos que descaracterizam o memorável histórico
da sigla.
Legenda satélite da direita paulista, crucial para
a sobrevivência de um antipetismo dissimulado nos rincões, o PSB cumpre papel
apenas burocrático no delicado equilíbrio da base aliada nacional. Curiosamente,
aliás, suas pretensões à independência eleitoral não foram suficientes para
afastá-lo também do comprometedor elo com o PSDB. Eis bons indícios do que
representará a candidatura de Eduardo Campos nas disputas vindouras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário