sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Fetiche antidemocrático

















A ocupação da USP enfim recoloca a onda de protestos no rumo das causas relevantes. A eleição direta para reitores e chefes de departamento é o mínimo rasteiro da cidadania e da justiça tributária. E se encaixa perfeitamente no espírito das reivindicações participativas da sociedade.

Isso explica o divertido surto de cautela que acometeu o Judiciário e o governo paulistas nos últimos dias. Que diferença para outros episódios recentes, de idêntico teor, nos quais a negociação foi solenemente descartada pelas autoridades...

Mas não há boas perspectivas para essa demanda. Ela envolve muito mais do que “apenas” a gestão universitária: mexe com intrincados esquemas de apadrinhamentos e benefícios cuja face mais palatável é o teatro das vaidades acadêmicas. E indispõe uma tribo muitíssimo influente nos meios decisórios da capital.

Pois que outra luta por representatividade seria classificada por um editorial da Folha de São Paulo como “fetiche democrático”? Um cinismo sabujo, que anuncia a inviabilidade efetiva da plataforma uspiana, e que logo justificará os golpes de sabre dos cossacos sobre os estudantes que há pouco eram tratados como a vanguarda revolucionária nacional.

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