Espetáculo visual dedicado à representação da
experiência na órbita terrestre. O que tem de minimalista na parte dramática é
suplantado pelos efeitos visuais impressionantes. Nesse aspecto, a prodigiosa
fotografia de Emmanuel Lubezki (de “A Árvore da Vida”) não pode ser
menosprezada. A relativa adequação ao efeito 3D quase suplanta os recursos mambembes
das salas brasileiras.
O diretor Alfonso Cuarón não esconde seu fascínio
pela ficção científica. E tampouco faz muita questão de disfarçar as
referências aos clássicos do gênero, “2001” e “Solaris” encabeçando a lista.
Mas também há um tanto de “Alien” (o nome e os trajes sensuais da protagonista,
por exemplo). Cynara Menezes aponta metáforas visuais interessantes, que salvam
o filme do puro esteticismo.
É divertido ver o letreiro de abertura, em
português, “avisando” sobre a sonoplastia espacial. Como se pedisse licença
para um toque realista que raramente aparece nas obras similares. Mesmo
assim, contudo, às vezes ocorrem desvios narrativos para o artificialismo, conduzidos
pela trilha sonora incidental. O resultado é interessante, mas fica a
curiosidade sobre um registro radicalmente naturalista do tema.
Uma das melhores produções hollywoodianas desse
ano fraquinho.
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