segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Marina é candidata?






















Marina Silva tem evitado assumir sua candidatura presidencial com uma elasticidade curiosa. A atitude soa estranha para quem fez da filiação ao PSB uma pequena apoteose propagandística, justamente com essa finalidade. Inclusive porque contraria as pesquisas de opinião e a expectativa maciça dos grandes veículos.

A esquiva é até compreensível no âmbito da política tradicional. Qualquer candidato evita expor-se precipitadamente ao desgaste de imagem, virando um alvo comum dos adversários. E a escolha ainda precisa amadurecer dentro do próprio PSB, que até poucos meses atrás vinha trabalhando com um cenário bastante diverso.

Mas o fato é que Marina caiu numa armadilha quando se jogou no circo laudatório da mídia oposicionista. Depois de construir a muito custo a imagem de símbolo de um fazer político renovado e alternativo, a ex-senadora mergulhou no espetáculo partidário mais trivial e carcomido. Passada a festa, descobriu que a ressaca lhe impõe a decepção do eleitorado jovem, a amargura dos antigos aliados e, muitíssimo pior, a exigência de uma cumplicidade irrevogável com os piores ninhos demotucanos do país.

Ela aceitará dividir o palanque com Geraldo Alckmin? Com a turma das propinas? E como explicará o apoio das oligarquias nordestinas que sustentam Eduardo Campos?

Por essas e outras, não seria muito surpreendente se a sensibilidade e o espírito público (sem contar o instinto de preservação) forçassem Marina a um recuo estratégico de suas pretensões eleitorais imediatas. A hipótese ainda soa improvável, mas as incoerências da personagem não autorizam grandes certezas para os meses vindouros.

Por enquanto, resta-nos a diversão de assistir Marina Silva rendendo-se ao pragmatismo velho de guerra.

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