Um Woody Allen de inusual amargura, que rompe a
leveza de suas incursões “turísticas” recentes. Talvez isso decepcione algumas
expectativas, mais por culpa delas mesmas do que pelos inegáveis méritos da
produção. E a reflexão, aqui, sobre a falsidade e o (auto) engano, pode soar
bastante cruel.
É verdade que a releitura de “Um Bonde Chamado
Desejo”, peça de Tennessee Williams adaptada várias vezes ao cinema, teria na
paródia ou na subversão do enredo uma possibilidade eficaz para atenuar as
inevitáveis comparações, principalmente com o filme clássico de Elia Kazan. Se
Allen concedesse ao entretenimento fácil, porém, o resultado não teria o mesmo
efeito perturbador.
Mas nem a mão certeira do mestre conseguiria
brilhar sem o talento superior de duas atrizes maravilhosas como Sally Hawkins
e Cate Blanchett.
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