Baseado em peça premiada de Tracy Letts, que já
teve duas interessantes adaptações cinematográficas a cargo de William Friedkin. O diretor, John Wells, veterano de séries televisivas, faz o possível
para não intervir na dinâmica teatral.
Personagens interessantes, cada qual com seu
momento de apoteose visceral, revelando suas surpresas numa eficaz estrutura
dramática. As referências vão muito além de “Festa de Família” (Thomas Vinterberg), como parece inicialmente, chegando até o universo de Tennessee
Williams, Edward Albee e Eugene O’Neill.
Interpretações desiguais, um tanto sufocadas pela
força magistral de Meryl Streep, cuja composição carrega tamanha verossimilhança
que chega a incomodar. Julia Roberts, desglamurizada, entrega-se ao duelo com
dignidade. O resto da turma tem seus bons diálogos (e não faltam frases memoráveis
no texto), mas parece dirigido com menos rigor que as duas divas centrais. Um
Oscar de atriz principal ou de coadjuvante, no mínimo, soa inevitável.
É um pequeno escândalo chamar o filme de “comédia”,
como fizeram os produtores dos EUA e os distribuidores jecas daqui. Mostra o
nível mentiroso que eles estão dispostos a atingir para vender um dramalhão
familiar que o calendário das premiações forçou a estrear durante as férias de
final de ano.
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