Análises sobre fatos muito recentes acabam depois incorporadas
pela historiografia aos próprios fenômenos analisados. Isso ocorre porque, se não
existem acontecimentos puros, apenas versões acerca deles, a atuação do
comentarista é indissociável da contemporaneidade que provoca seu interesse.
Daí que todas as interpretações sobre 2013 são
ideológicas e explicam muito mais os seus autores do que exatamente as
efemérides citadas. Temos apenas indivíduos que filtram (ou precisam filtrar)
as coisas sob um prisma particular. Apenas visões otimistas, ponderadas ou
pessimistas, e não eventos positivos, complexos ou negativos.
Essa parcialidade ganha tons interessantes nos
vereditos que cercam os protestos de junho passado. Quanto mais peremptório é o
discurso (na linha “o que as manifestações nos ensinaram”), mais ele favorece
uma estrutura de raciocínio anterior às passeatas e que, portanto, se apropria
delas para corroborar suas hipóteses.
Fadado a um contínuo irresoluto, o achismo
partidarizado é feito de vontades e promessas, não de um esforço argumentativo
sólido para a compreensão do presente. Mira, portanto, um futuro próximo onde
as imagens previamente moldadas se projetam visando uma eventual
materialização. O ano de 2013 que nos chega reconstruído pela mídia só faz
sentido no âmbito das esperanças de cada veículo para 2014, eleições inclusas.
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