segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Prospectiva 2013




























Análises sobre fatos muito recentes acabam depois incorporadas pela historiografia aos próprios fenômenos analisados. Isso ocorre porque, se não existem acontecimentos puros, apenas versões acerca deles, a atuação do comentarista é indissociável da contemporaneidade que provoca seu interesse.

Daí que todas as interpretações sobre 2013 são ideológicas e explicam muito mais os seus autores do que exatamente as efemérides citadas. Temos apenas indivíduos que filtram (ou precisam filtrar) as coisas sob um prisma particular. Apenas visões otimistas, ponderadas ou pessimistas, e não eventos positivos, complexos ou negativos.

Essa parcialidade ganha tons interessantes nos vereditos que cercam os protestos de junho passado. Quanto mais peremptório é o discurso (na linha “o que as manifestações nos ensinaram”), mais ele favorece uma estrutura de raciocínio anterior às passeatas e que, portanto, se apropria delas para corroborar suas hipóteses.

Fadado a um contínuo irresoluto, o achismo partidarizado é feito de vontades e promessas, não de um esforço argumentativo sólido para a compreensão do presente. Mira, portanto, um futuro próximo onde as imagens previamente moldadas se projetam visando uma eventual materialização. O ano de 2013 que nos chega reconstruído pela mídia só faz sentido no âmbito das esperanças de cada veículo para 2014, eleições inclusas.

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