A demora do governo federal em produzir uma
campanha publicitária positiva sobre a Copa do Mundo evidencia que algo errado
acontecia na Secretaria de Comunicação Social. A iniciativa deveria ter
ocorrido no ano passado, com estrutura temática, numa série de episódios que
seguisse até a realização dos jogos.
Mesmo que não chegue a esse rigor, no
entanto, já será alguma coisa.
Não que os preparativos estejam impecáveis, pelo
contrário. Mas a construção opinativa sobre a Copa tem sido monopolizada por um
viés partidário que sonega ao público o mínimo que ele necessita para entender
o que se passa. As críticas ao evento nunca atingem os governos locais, de estados
e municípios, que se endividaram no BNDES e aplicam recursos em obras que os
clubes ou as empresas deveriam pagar. Tudo adquire uma aura antigovernamental genérica, direcionada à administração Dilma Rousseff.
Qual foi a última reportagem denunciatória sobre o
estádio de Manaus que citou o governador Omar Aziz (PSD) ou o prefeito Arthur
Virgílio (PSDB)? Por que ninguém questiona o governador Silval Barbosa
(PMDB) ou o prefeito Mauro Mendes (PSB) pela Arena Pantanal, de Cuiabá?
A propaganda favorável joga suspeitas sobre a
fantasia de unanimidade criada pela mídia e as simplificações repetidas pelos manifestantes. O ufanismo pode agredir algumas sensibilidades, mas elas
tampouco deveriam aceitar a tolice de que haveria mais escolas e hospitais se a
competição não fosse realizada. A grande importância da reação governamental,
porém, reside na constatação óbvia de que não é exatamente à Copa (ou à FIFA) que
se dirigem os ataques dos seus detratores.
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