Outro caso em que a supervalorização excessiva da
crítica e da Academia pode estragar suas qualidades. A principal delas, claro,
está na dupla de protagonistas, particularmente Judi Dench, que passou das
personalidades fortes e dominadoras dos seus últimos filmes a esta velhinha frágil
e triste com pequenas nuances da expressão e do olhar.
Stephen Frears é um autor desigual, interessante
por isso mesmo, cujos trabalhos estão sempre rendendo prêmios a algum colaborador,
geralmente os atores. O registro aqui é um tanto morno, talvez porque o roteiro
tente evitar o melodrama rasgado que a história real propunha, mas tampouco tenha
a coragem de profaná-la pela comédia. A estrutura meio anticlimática do enredo
ajuda a tirar sua força, embora o salve da previsibilidade.
Nas mãos de um diretor mais ortodoxo, tipo Ken
Loach, o teor anticlerical levaria a necessária denúncia dos episódios verdadeiros
às raias do libelo indignado. Frears optou por deixá-lo palatável para o
grande público.
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