O que explica duas grandes produções de estúdio, similares
no enredo, na época da trama e até no apelo do “fato real”, serem lançadas
simultaneamente? Os criadores teriam recebido as emanações da mesma onda
cósmica? Ou tudo se resumiria ao simples oportunismo dos produtores e à competitividade
entre artistas consagrados?
No caso, a comparação inevitável com “O Lobo de Wall Street” desfavorece o filme de David O. Russell, que é bom diretor, mas
não chega a Scorsese. Falta-lhe aquele toque de genialidade (ou a experiência)
que dá vigor e sentido a cada enquadramento. E a deliciosa incorreção política.
Não que inexistam méritos em “Trapaça”, pelo contrário:
o elenco simpático, a trilha sonora de clássicos setentistas, os figurinos e a
maquiagem, a direção de arte, um excelente roteiro (pelo menos até o terço
final), alguns momentos inspirados. E Amy Adams.
O fato é que exagerar a importância do filme, no
embalo das forçadas indicações ao Oscar, retira um pouco a sua força como diversão.
Visto sem maiores expectativas, sai-se muito bem.
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