O enredo subverte as simplificações maniqueístas
que costumam achatar a filmografia sobre o flagelo escravocrata. Graças ao respaldo
histórico, as importantíssimas questões levantadas atravessam os riscos do
patrulhamento bipolar e atingem o espectador contemporâneo com uma força provocativa
que a ficção mais verossímil não atingiria.
As imagens cruéis, no limite do suportável,
parecem esgotar os absurdos retratados. E é nessa dimensão enganadora que
muitos se acomodam, seduzidos pelos confortos da violência graficamente
banalizada. Tudo fica muito pior quando refletimos sobre aquilo que apenas se
insinua nas relações daquelas pessoas e nas suas estratégias de sobrevivência.
Steve McQueen já esteve mais inspirado
esteticamente (“Shame”, por exemplo), embora aqui tenha alguma razão em
reverenciar o texto original. Chiwetel Eijofor desenolve com dignidade as difíceis
contradições do protagonista. Mas quem brilha mesmo é Michael Fassbender, só
para variar um pouco.
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