sexta-feira, 7 de março de 2014

“12 anos de escravidão”






















O enredo subverte as simplificações maniqueístas que costumam achatar a filmografia sobre o flagelo escravocrata. Graças ao respaldo histórico, as importantíssimas questões levantadas atravessam os riscos do patrulhamento bipolar e atingem o espectador contemporâneo com uma força provocativa que a ficção mais verossímil não atingiria.

As imagens cruéis, no limite do suportável, parecem esgotar os absurdos retratados. E é nessa dimensão enganadora que muitos se acomodam, seduzidos pelos confortos da violência graficamente banalizada. Tudo fica muito pior quando refletimos sobre aquilo que apenas se insinua nas relações daquelas pessoas e nas suas estratégias de sobrevivência.

Steve McQueen já esteve mais inspirado esteticamente (“Shame”, por exemplo), embora aqui tenha alguma razão em reverenciar o texto original. Chiwetel Eijofor desenolve com dignidade as difíceis contradições do protagonista. Mas quem brilha mesmo é Michael Fassbender, só para variar um pouco.

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