sexta-feira, 21 de março de 2014

“Ninfomaníaca 2”

 




















A divisão em duas partes enfraquece um pouco o impacto inicial do universo criado com imensa maestria por Lars von Trier. Mas a estrutura episódica sugere um sentido temático na abordagem da sexualidade compulsiva e na evolução da protagonista.

Todas as qualidades do primeiro filme estão presentes, com um destaque mais nítido, agora, para o trabalho fotográfico do chileno Manuel Alberto Claro, de longa colaboração com o cineasta. Há episódios e ambientes antológicos, cheios do humor e do cinismo típicos de von Trier.

Pequenos problemas: a mudança de ator para o papel de Jerôme sacrifica o impacto do desfecho crudelíssimo; o artificialismo do longo diálogo que estrutura a narrativa sobressai nas menções do diretor a suas desventuras recentes com a correção política; e a insistência nas imagens “anatômicas” anula o papel que poderiam ter na dinâmica do enredo.

Nada disso tira a força e a relevância da obra, como demonstram as reações da platéia desavisada.

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