A divisão em duas partes enfraquece um pouco o
impacto inicial do universo criado com imensa maestria por Lars von Trier. Mas a
estrutura episódica sugere um sentido temático na abordagem da sexualidade compulsiva
e na evolução da protagonista.
Todas as qualidades do primeiro filme estão
presentes, com um destaque mais nítido, agora, para o trabalho fotográfico do
chileno Manuel Alberto Claro, de longa colaboração com o cineasta. Há episódios
e ambientes antológicos, cheios do humor e do cinismo típicos de von Trier.
Pequenos problemas: a mudança de ator para o papel
de Jerôme sacrifica o impacto do desfecho crudelíssimo; o artificialismo do longo
diálogo que estrutura a narrativa sobressai nas menções do diretor a suas
desventuras recentes com a correção política; e a insistência nas imagens “anatômicas”
anula o papel que poderiam ter na dinâmica do enredo.
Nada disso tira a força e a relevância da obra,
como demonstram as reações da platéia desavisada.
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