Há muitas contradições na crise que abala a
Ucrânia.
O simbolismo nacionalista da revolta, em vez de
reforçar a unidade do país, contribui para miná-la. Metade da população tem
afinidades étnicas, culturais e econômicas inabaláveis com a Rússia.
A União Européia, empobrecida e desmoralizada, enfrenta
a generosidade imperialista russa oferecendo rigidez financeira e cortes de
benefícios sociais. O contraponto ocidental aos favorecimentos de Vladimir
Putin é a simples ausência de favorecimentos de qualquer natureza.
Os manifestantes querem pertencer a uma Europa que
os teme e despreza. Os bondosos governos que incendiaram o conflito patrocinam
legislações contrárias aos imigrantes e à mão-de-obra estrangeira.
Particularmente a oriunda do Leste Europeu.
Os líderes estranhos que recebem os indultos da
onda revolucionária haviam sido afastados (e presos) sob aplausos das potências
europeias. As quais apoiaram o governo que agora cai em desgraça, justamente
porque ele desafiava os projetos antieuropeus daquelas facções políticas
tradicionais.
Manifestantes e vândalos, democratas e golpistas,
libertários e fascistas revezam-se nas preferências convenientes da mídia
ocidental. A ressurreição e o fortalecimento de grupos radicais da tumultuosa
política ucraniana podem levar o país a um retrocesso histórico, incentivado
pela mistificação modernizadora e democrática da revolta.
Todas essas esquisitices sugerem cautela diante do noticiário sobre a tão comemorada insurreição popular na ex-república soviética.
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