Passamos o Campeonato Paulista ouvindo que a
competição era uma baba condenada ao passeio inevitável dos bambambãs da
capital. As partidas no interior não serviam para nada, já que São Paulo,
Corinthians e Palmeiras terminariam disputando as semifinais com o Santos. E as
finais coroariam a superioridade avassaladora dos “gigantes”.
Pois é. Rá rá rá.
Agora a culpa é do regulamento. Do jogo único. Do
sol. Da chuva. Do azar. E neguinho lamenta a “final que não merecíamos”. Merecíamos
quem, cara pálida? “Vexame” passou a crônica esportiva bairrista, que tentou
fazer média com a audiência e quebrou a cara. Depois vem choramingar a reação
inamistosa dos torcedores interioranos.
Essa turma que vocifera contra o “baixo nível
técnico” do campeonato sequer tomou conhecimento das disputas que aconteceram
no interior. Alguns exemplos positivos: Botafogo 4 x 2 Paulista, Mogi Mirim 3 x
3 Atlético, Audax 4 x 2 Portuguesa, São Bernardo 5 x 5 Rio Claro, Mogi 4 x 4
Paulista, São Bernardo 5 x 2 Oeste. Pode ter sido feio (e nem sempre foi), mas a média de gols é a mesma do último Brasileirinho.
Os gênios ignoram dois terços do campeonato, mas
se julgam capazes de rotulá-lo pejorativamente. Porque viram umas peladas
modorrentas com os elencos milionários da Globo, querem espalhar a mediocridade
para clubes que não recebem uma fração dos seus privilégios e que, mesmo com
todas as dificuldades e limitações, conseguem realizar alguns espetáculos
interessantes.
A imprensa paulistana quer o fim do estadual
porque ali, na buraqueira que quebra o salto, na lama que suja o bumbum, não
basta ser riquinho, protegido por cartolas e paparicado pela
mídia-de-ar-condicionado. Quanto maior a empáfia, mais patéticos e vergonhosos ficam
os tombos eventuais dos “favoritos”.
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