O atacante Luis Suárez mereceu ser suspenso pela ridícula mordida no adversário italiano. E a reincidência (quase) justifica o rigor dos comissários. Mas a decisão da FIFA está sujeita a muitos questionamentos.
As câmeras dos estádios flagram todos os detalhes
de uma partida da Copa do Mundo, inclusive agressões físicas, provocações e
insultos de graus variáveis. O mesmo vale para as simulações dos jogadores e as
infrações que árbitros e assistentes ignoram ou assinalam equivocadamente. Por
que a FIFA não busca essas imagens para preservar a justiça de resultados
contestáveis?
Os puristas acreditam que o “erro humano” faz parte da experiência futebolística. Ora, se queremos preservar o imponderável nos
jogos e se o juiz não viu a abocanhada de Suárez, ela deveria ser
desconsiderada para sempre, igual a tantos outros eventos negativos que passam
incólumes como contingências do espetáculo. Por outro lado, se a deslealdade merece
castigos extemporâneos, seria coerente aplicá-los em quaisquer circunstâncias.
A FIFA utiliza o recurso visual de maneira
seletiva: dispensa-o nas situações agudas que podem decidir títulos e utiliza-o
para surpreender traquinagens que não interferem no resultado de uma partida. Posa
de guardiã do “jogo limpo”, mas escolhe as vítimas de uma intolerância que,
generalizada, afastaria muitos astros internacionais do espetáculo rentável das
transmissões.
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