Terry Gilliam retorna ao universo exagerado e
caótico de “Brazil” (1986). Também existe algo de “Os 12 macacos” (1996),
embora a principal ligação que mantenha com este seja a referência explícita ao
clássico “La jetée” (1962), de Chris Marker. Em todos os casos, inclusive na
obra-prima do mestre francês, a tecnologia possui uma aparência arcaica e
desajeitada, mas exerce grande poder sobre a vida humana.
A produção, de recursos limitados, aposta na
cenografia e nos figurinos para criar um ambiente retrógrado e kitsch, cheio de
traquitanas, cores berrantes, muitos ícones que marcaram os primórdios da
informática. O conjunto visual remete aos filmes toscos de ficção científica
das décadas de 1960 e 70.
O elenco tem diversas estrelas em papéis coadjuvantes.
Christoph Waltz, um dos maiores atores do cinema atual, entrega-se ao
protagonista com o vigor de sempre. Sua figura tem muito de Bob Geldof em “The
wall”, e há uma cena com a excelente Mélanie Thierry que talvez admita essa
menção.
Mais do que uma distopia futurista, é uma crítica
mordaz ao mundo contemporâneo. Tem momentos hilariantes, muitos detalhes
curiosos, trilha sonora impecável. Parecerá meio barroco e histérico para os
espíritos mais serenos, mas é desse estranhamento que retira sua força.
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