O êxito das manifestações antigolpistas faz contraponto
inevitável com as minguantes passeatas da direita. A diferença é óbvia, tanto
na quantidade quanto na pluralidade da adesão. O projeto do impeachment perdeu de
vez o argumento da força representativa.
Pouco importa a previsível manipulação do
noticiário, em seu desespero infantil para esconder os fatos. A desmoralização
da imprensa corporativa só alimenta o belo espírito inconformista das ondas
vermelhas. Elas não precisaram de investimento empresarial nem de propaganda
midiática para aflorar.
Antecipadas meses atrás, as curvas de comparecimento
das mobilizações de esquerda e direita seguem tendências contrárias, de efeitos
muito perigosos nas futuras disputas eleitorais. Cientes disso, os midiotas
logo começarão a denunciar o “confronto” que os malditos petistas estariam
promovendo nas ruas.
Com essa narrativa de conflagração social o
golpismo buscará unanimidades em torno de um pacificador que substitua Dilma
Rousseff. Mas o clima de embate só assustará ainda mais os já reticentes
candidatos a assumir tarefa tão ingrata.
De qualquer forma, é impossível não creditar parte
do impacto das passeatas legalistas à própria atuação dos defensores do
impeachment. Apostaram tanto no peso das ruas que elas acabaram ganhando papel
central, quiçá decisivo, nas disputas sobre o tema.
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