A torcida do Corinthians inventou de protestar contra a Federação Paulista de Futebol, a Confederação Brasileira de Futebol, a rede Globo e até a máfia das merendas do governo Geraldo Alckmin. Essas manifestações têm dois aspectos curiosíssimos, que a imprensa corporativa finge não perceber.
O primeiro é a repressão violenta dos cossacos. Quem
ordena tais ações policiais? Os árbitros das partidas? Um funcionário da FPF?
Alguém da Globo? Essas pessoas têm autoridade sobre as forças de segurança? É
atribuição de servidores públicos impedir protestos pacíficos? Entidades
privadas podem suspender prerrogativas constitucionais?
A segunda estranheza vem da impertinência política
dos torcedores. A lembrança da corrupção tucana em plena massa alvinegra
sinaliza para um viés inesperado no descontentamento popular. Mesmo que tudo
não passe de resposta a perseguidores de torcidas organizadas (interessante maneira
“pejorativa” de qualificá-las) e à chefia da PM brucutu, a simples associação
demonstra uma consciência crítica livre dos condicionamentos da mídia. Da
própria Globo, aliás.
É fácil apontar a incoerência dos ataques contra
as mesmas instituições que financiam e promovem os sucessos do Corinthians. Mas
precisamos saudar em seu exemplo a demonstração de que a defesa da cidadania
começa no rompimento das inúmeras amarras cotidianas, exatamente as que parecem
naturais e inquestionáveis, e que os poderosos preservam com toda a força
coercitiva disponível.
Se os torcedores do país percebessem isso, mudariam
muito mais do que o futebol brasileiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário