segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Até onde vai a solidariedade pela Chapecoense?



















Bonitas e tocantes as manifestações suscitadas pela tragédia. Parecem mesmo sinceras, e espero que sejam, porque muito precisará ser feito para amenizar algo dessa gravidade.

Mas há um incômodo que o choque não suplanta: por que ninguém sugere dar à Chape condições equivalentes às dos times das capitais, pelo menos na divisão da verba televisiva do Campeonato Brasileiro? Que tal uma equiparação geral de cotas por cinco anos? Ou a reformulação definitiva do sistema?

Isso não ajudaria o clube apenas financeiramente. Daria à comunidade alviverde a chance de vê-lo receber tratamento digno, igualitário, pela primeira vez na história. Participar de uma disputa nacional sem privilégios.

Não tenho a pretensão de adivinhar as vontades das famílias das vítimas, da diretoria e dos torcedores. Muito menos de misturar nesse luto inimaginável assuntos do putrefeito submundo administrativo do esporte.

Falo dos outros. Das ofertas que fazem. De sua verdadeira compaixão.

Podemos convir, diante do cinismo generalizado, que cartolas e burocratas do resto do país queiram apenas zelar pelas próprias imagens. Mas é constrangedor o silêncio da crônica esportiva quando mais se precisa de ideias justas, exemplares, transformadoras.

Em suma, a estrutura de favorecimento financeiro que permite à Globo, à CBF e aos respectivos patrocinadores manipularem o futebol está de tal modo naturalizada que não se cogita discuti-la sequer diante do maior dos desastres.

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