É inútil esperar grandes revelações sobre o episódio que vitimou Teori Zavascki. Jamais saberemos toda a verdade, seja pelas dificuldades técnicas e materiais de qualquer apuração do tipo, seja porque a improvável descoberta de indícios criminosos dificilmente chegaria aos seus eventuais autores, menos ainda aos mandantes.
Resta-nos uma espécie de disputa narrativa em torno da própria incerteza com a qual teremos de conviver. Mesmo sem esperança de sanar as suspeitas plausíveis, sugiro que as protejamos dos rótulos paranoides que elas recebem de crédulos e cínicos. Duvidar é sempre o caminho menos alienante.
Isso tem relevância porque envolve a simbologia da morte de Zavascki, esfera em que a manipulação age com mais desenvoltura. Há algo estranhamente passivo no conformismo fatalista alimentado às custas da tragédia. Parece que todos se preparam para um futuro inexorável de horrores trazidos pela ira divina. Sem resistência.
Por que não ocorre o contrário? O uso das notórias posições de Zavascki para pressionar o substituto a respeitá-las em seus votos? Para que os ministros do STF reconheçam e preservem esse legado? O esclarecimento da opinião pública acerca dos caminhos que os processos sob análise do falecido tomariam sem a tragédia?
Não precisamos buscar estratégias conspiratórias nas causas da queda do avião. Suas consequências são graves o bastante. A simples possibilidade delas terem nascido de uma sabotagem deveria servir para interditar os desdobramentos óbvios pretendidos pelos hipotéticos assassinos. Mas sussurramos “que peninha” e seguimos adiante.
Curioso esse comportamento surgir nos supostos defensores da Lava Jato. E justo naqueles mais céticos e avessos à tese do atentado hollywoodiano. Mas eles têm razão. O que importa é o desfecho ser convincente.
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