sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Três vezes Isabelle



Felizes coincidências me colocaram diante de três filmes recentes protagonizados pela maravilhosa Isabelle Huppert. São universos bem distintos: “Elle” é um suspense erótico (na falta de rótulo melhor), “Mais forte que bombas” um drama familiar e “O que está por vir” uma reflexão filosófica sobre o tempo e as gerações.

As obras têm tratamentos parecidos, talvez para explorar o dom inigualável de Huppert no registro contido, minimalista. Daí que mesmo as passagens mais dramáticas ou violentas transcorrem num clima de sugestão e enigma.



Nessa levada, “O que está por vir” me pareceu mais rico, instigante e provocador. Não é o melhor cinematograficamente, pois mestre Paul Verhoeven dá uma aula de ritmo e ambientação em “Elle”. Mas a premiada condução da jovem Mia Hansen-Love tem o mérito de, reduzindo a carga emocional da protagonista em sua desventura amorosa, evidenciar toda a complexidade de um texto muito especial.



“L´Avenir” (o futuro): o abandono e a velhice da mãe de Nathalie; ela própria, com seu conformismo cético e sua solidão anunciando o destino das utopias coletivistas e revolucionárias dos alunos; o neto recém-nascido, sob o pranto assustado da jovem mãe, que é também filha, nova e antiga ao mesmo tempo...

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