(publicado na revista Caros Amigos, em janeiro de 2008)
O polêmico Hugo Chávez, vilão do periodismo brasileiro, parece mais compreensível fora dos bate-bocas apaixonados. A polarização simplificadora favorece apenas a parcela reacionária que, nostálgica do imaginário da Guerra Fria, carece de uma vertente sul-americana do “eixo do mal” para atualizar a histeria anticomunista.
A Venezuela desempenha um papel geopolítico relevante. Seu investimento em material bélico reduz o desequilíbrio de forças no continente, contrapondo a ingerência militar estadunidense no Paraguai, na Colômbia e na América Central. Resistir às diretrizes de Washington não faz do venezuelano um herói. O alinhamento a países como Rússia, China e Cuba segue uma estratégia de sobrevivência: permite usar recursos energéticos para manter um projeto de governo que, de outra forma, seria liquidado pela diplomacia agressiva de George W. Bush.
Qualquer outro governante do planeta é tão caricato e autoritário quanto Chávez. O tolo discurso bolivarianista equivale a milhares de asneiras eleitorais descumpridas, todas contaminadas pelas mesmas pretensões hegemônicas. Nas nações ditas “civilizadas”, não há canais de TV defendendo insurreições, pois lá golpistas e separatistas são aniquilados sem mais delongas. E apenas os fascistas crêem que a conveniência da democracia participativa depende de quem opera seus instrumentos.
A insubordinação arrogante de Chávez agride o caráter submisso, provinciano e elitista dos grupos que controlaram a política sul-americana durante séculos. Os conservadores não suportam perder a exclusividade sobre um populismo visionário que, impregnado de arroubos socialistas, torna-se eleitoralmente avassalador. A direita brasileira odeia Lula por motivos muito parecidos.
O monarca Juan Carlos, colonizador ultrajado, resumiu bem: de fato, Chávez não se cala.
5 comentários:
1 - "Seu investimento em material bélico reduz o desequilíbrio de forças no continente, contrapondo a ingerência militar estadunidense no Paraguai, na Colômbia e na América Central."
Quem comentou isso simplificou demais. Esse "reduz o desequilíbrio" pode ser a mesma coisa que uma gota significa em um copo d'água, considerando o "PIB" norte-americano em armas. O rufião pretende muito mais criar situações falsas, que impliquem em perspectivas favoráveis, no seu quintal e adjacências (como o "Círculo Bolivariano" no Brasil, p. ex.), do que outras coisas. E o seu “fidelismo” demonstra uma alienação histórica que deforma o caráter de qualquer homem político.
2 - “A polarização simplificadora favorece apenas a parcela reacionária que, nostálgica do imaginário da Guerra Fria, carece de uma vertente sul-americana do “eixo do mal” para atualizar a histeria anticomunista.”
Nostálgica também me parece ser a é a esquerdinha do continente sempre eivada de antiamericanismo, fecundado pela preferência às variantes marxistas do meios acadêmicos brasileiro e formadores de opinião, na área de Ciências Humanas.
3 - “O monarca Juan Carlos, colonizador ultrajado, resumiu bem: de fato, Chávez não se cala.”
O difícil é explicar de que jeito o rei é um colonizador. A Espanha do séc XX esteve muito mais para colônia (ideológica, econômica visto seu atraso, etc.) do que para colonizadora; sua mudança foi devida a grande revolução liberal a partir do “socialista” Felipe Gonzáles.
4 - “A insubordinação arrogante de Chávez agride o caráter submisso, provinciano e elitista dos grupos que controlaram a política sul-americana durante séculos.”
É bom o autor do texto se inteirar da política externa brasileira, principalmente no período Geisel, para mensurar melhor esse “submisso”.
5 - “Nas nações ditas “civilizadas”, não há canais de TV defendendo insurreições, pois lá golpistas e separatistas são aniquilados sem mais delongas.”
Desse jeito é claro que o Chávez estaria enquadradinho em Lei, ou outra punição, naquele golpe chefiado por ele em 1992. Ou não?
Não é fácil defender esse Chávez racionalmente.
Aí reside o ridículo deste governante demagogo, imbecil e caricato - Chavéz (apenas mais um, na longa galeria de estúpidos sulamericanos populistas) - muito blá, blá, blá e nenhum ato efetivo. Chavéz está no lugar certo; na Venezuela, com os venezuelanos. Cada macaco no seu galho...Assim é o mundo.
Fora de sua aldeia, o bolivariano inútil tem desafetos e admiradores. Grande coisa...Ambos os lados têm tanta importãncia quanto o nome do desodorante inoperante q o lidereco usa...
Kruschev deu esse recado em 1967:
“O Paraíso é um lugar para onde as pessoas desejam ir. Não um lugar de onde elas queiram sair. No entanto, nesse nosso Paraíso as portas estão fechadas e trancadas. Que merda de socialismo é esse que tem de manter as pessoas acorrentadas? Que espécie de ordem social é essa? Que espécie de Paraíso?”
(Nikita Kruschev, “As Fitas da Glasnost”, página 253, Edições Siciliano, 1991)
Mais:
" Derrotar o capitalismo é também uma questão de prover necessidades materiais e culturais. Temos de dar ao nosso povo mais do que o mundo capitalista dá aos povos do Ocidente. Eis a questão principal." E como!
Ao J.Brasil.
Caro,os "populistas" vieram para ficar.Não adianta espernear,grunhir,ou tentar se impor verbalmente.Estamos para assistir à vitória do BEM,e é irreverssível;ou vocês nos apontarão suas armas novamente??!!Completo dizendo, para que não te preocupes,o socialismo não exclui ninguém,só basta você querer estar incluído.
Abraço,de alguém que te quer bem.
Cada "socialista" com a sua teoria...
"Mon dieiu...até quando?"
Hugo Chaves é...
Chamemos o Uribe a dar qualquer opinião...ou chamemos a uma nova pretensa candidata a dar sua resposta ao PV...deus! Ignorância e sacrilégios...até quando a humanidade resistirá nestes restos?
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