segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Chávez, o estorvo

(publicado na revista Caros Amigos, em janeiro de 2008)

O polêmico Hugo Chávez, vilão do periodismo brasileiro, parece mais compreensível fora dos bate-bocas apaixonados. A polarização simplificadora favorece apenas a parcela reacionária que, nostálgica do imaginário da Guerra Fria, carece de uma vertente sul-americana do “eixo do mal” para atualizar a histeria anticomunista.
A Venezuela desempenha um papel geopolítico relevante. Seu investimento em material bélico reduz o desequilíbrio de forças no continente, contrapondo a ingerência militar estadunidense no Paraguai, na Colômbia e na América Central. Resistir às diretrizes de Washington não faz do venezuelano um herói. O alinhamento a países como Rússia, China e Cuba segue uma estratégia de sobrevivência: permite usar recursos energéticos para manter um projeto de governo que, de outra forma, seria liquidado pela diplomacia agressiva de George W. Bush.
Qualquer outro governante do planeta é tão caricato e autoritário quanto Chávez. O tolo discurso bolivarianista equivale a milhares de asneiras eleitorais descumpridas, todas contaminadas pelas mesmas pretensões hegemônicas. Nas nações ditas “civilizadas”, não há canais de TV defendendo insurreições, pois lá golpistas e separatistas são aniquilados sem mais delongas. E apenas os fascistas crêem que a conveniência da democracia participativa depende de quem opera seus instrumentos.
A insubordinação arrogante de Chávez agride o caráter submisso, provinciano e elitista dos grupos que controlaram a política sul-americana durante séculos. Os conservadores não suportam perder a exclusividade sobre um populismo visionário que, impregnado de arroubos socialistas, torna-se eleitoralmente avassalador. A direita brasileira odeia Lula por motivos muito parecidos.
O monarca Juan Carlos, colonizador ultrajado, resumiu bem: de fato, Chávez não se cala.

5 comentários:

J. BRASIL disse...

1 - "Seu investimento em material bélico reduz o desequilíbrio de forças no continente, contrapondo a ingerência militar estadunidense no Paraguai, na Colômbia e na América Central."



Quem comentou isso simplificou demais. Esse "reduz o desequilíbrio" pode ser a mesma coisa que uma gota significa em um copo d'água, considerando o "PIB" norte-americano em armas. O rufião pretende muito mais criar situações falsas, que impliquem em perspectivas favoráveis, no seu quintal e adjacências (como o "Círculo Bolivariano" no Brasil, p. ex.), do que outras coisas. E o seu “fidelismo” demonstra uma alienação histórica que deforma o caráter de qualquer homem político.

2 - “A polarização simplificadora favorece apenas a parcela reacionária que, nostálgica do imaginário da Guerra Fria, carece de uma vertente sul-americana do “eixo do mal” para atualizar a histeria anticomunista.”

Nostálgica também me parece ser a é a esquerdinha do continente sempre eivada de antiamericanismo, fecundado pela preferência às variantes marxistas do meios acadêmicos brasileiro e formadores de opinião, na área de Ciências Humanas.

3 - “O monarca Juan Carlos, colonizador ultrajado, resumiu bem: de fato, Chávez não se cala.”

O difícil é explicar de que jeito o rei é um colonizador. A Espanha do séc XX esteve muito mais para colônia (ideológica, econômica visto seu atraso, etc.) do que para colonizadora; sua mudança foi devida a grande revolução liberal a partir do “socialista” Felipe Gonzáles.

4 - “A insubordinação arrogante de Chávez agride o caráter submisso, provinciano e elitista dos grupos que controlaram a política sul-americana durante séculos.”

É bom o autor do texto se inteirar da política externa brasileira, principalmente no período Geisel, para mensurar melhor esse “submisso”.

5 - “Nas nações ditas “civilizadas”, não há canais de TV defendendo insurreições, pois lá golpistas e separatistas são aniquilados sem mais delongas.”

Desse jeito é claro que o Chávez estaria enquadradinho em Lei, ou outra punição, naquele golpe chefiado por ele em 1992. Ou não?


Não é fácil defender esse Chávez racionalmente.

Anônimo disse...

Aí reside o ridículo deste governante demagogo, imbecil e caricato - Chavéz (apenas mais um, na longa galeria de estúpidos sulamericanos populistas) - muito blá, blá, blá e nenhum ato efetivo. Chavéz está no lugar certo; na Venezuela, com os venezuelanos. Cada macaco no seu galho...Assim é o mundo.
Fora de sua aldeia, o bolivariano inútil tem desafetos e admiradores. Grande coisa...Ambos os lados têm tanta importãncia quanto o nome do desodorante inoperante q o lidereco usa...

J. BRASIL disse...

Kruschev deu esse recado em 1967:


“O Paraíso é um lugar para onde as pessoas desejam ir. Não um lugar de onde elas queiram sair. No entanto, nesse nosso Paraíso as portas estão fechadas e trancadas. Que merda de socialismo é esse que tem de manter as pessoas acorrentadas? Que espécie de ordem social é essa? Que espécie de Paraíso?”

(Nikita Kruschev, “As Fitas da Glasnost”, página 253, Edições Siciliano, 1991)

Mais:

" Derrotar o capitalismo é também uma questão de prover necessidades materiais e culturais. Temos de dar ao nosso povo mais do que o mundo capitalista dá aos povos do Ocidente. Eis a questão principal." E como!

Anônimo disse...

Ao J.Brasil.

Caro,os "populistas" vieram para ficar.Não adianta espernear,grunhir,ou tentar se impor verbalmente.Estamos para assistir à vitória do BEM,e é irreverssível;ou vocês nos apontarão suas armas novamente??!!Completo dizendo, para que não te preocupes,o socialismo não exclui ninguém,só basta você querer estar incluído.

Abraço,de alguém que te quer bem.

Cristina Maria disse...

Cada "socialista" com a sua teoria...
"Mon dieiu...até quando?"
Hugo Chaves é...
Chamemos o Uribe a dar qualquer opinião...ou chamemos a uma nova pretensa candidata a dar sua resposta ao PV...deus! Ignorância e sacrilégios...até quando a humanidade resistirá nestes restos?