quinta-feira, 6 de março de 2008

Boicotem a Via Funchal

É característico das casas de espetáculos paulistanas o absoluto desrespeito ao cliente. Sempre foi assim, desde os tempos do antigo Palace. Não conheço a maioria dos locais mais modernos e os reformados, mas uma passada recente pela Via Funchal, na maravilhosa despedida de B. B. King, foi suficiente para pegar o jeito da coisa.
É tudo muito caro. O custo dos ingressos, um assomo. Paga-se também uma taxa esfoladora no estacionamento, ou pouco mais barata aos “guardadores” das ruas. Os produtos do bar têm preços de bordel (ou de cassino, se preferirem).
Mas o pior, muito pior, é o que se recebe em troca dessas pequenas fortunas. Supondo que o cidadão economize muito e invente a necessidade discutível de pagar horrores por duas horas diante de seu ídolo, a frustração é quase sempre inevitável.
Numa rápida e superficial análise do salão, já se percebe a impossibilidade prática, física, de meter ali o número de espectadores previstos na lotação oficial. As pessoas são literalmente esmigalhadas umas às outras, às cadeiras, às mesas, às colunas. É vetado mexer os polegares, quiçá cruzar as pernas, levantar para emergências fisiológicas, acenar para alguém. Não é apenas insalubre, mas também, ou principalmente, perigoso em caso de pânico ou incidentes.
O serviço é péssimo. Garçons e garçonetes inevitavelmente esbarram nos espectadores, e muitos têm a pachorra de trazer a conta, em pleno espetáculo, enfiando suas vozes, seus corpos e às vezes suas lanternas no sossego dos incautos. Os produtos, vendidos a peso de ouro, resumem-se a maus exemplos das suas respectivas categorias: a cerveja é daquela marca odiada, os refrigerantes idem, a água pior ainda. Tudo é quente como lava. E os salgados de saquinho dispensam apresentações.
Filas são obrigatórias, nos banheiros, na saída, no bar, no estacionamento, na rua. A grosseria dos funcionários, com possível exceção para as recepcionistas, tornou-se folclórica. Há ocorrências esporádicas de furtos e danos a veículos, mesmo no interior dos estacionamentos, tratados por todos como contingências inescapáveis.
Talvez minha revolta suscite generalizações, mas a Via Funchal enquadra-se na maioria delas. Nada explica a passividade do público diante desses acintes. E compreende-se menos ainda por que alguns dos mais importantes espetáculos continuam a ser agendados nesses estabelecimentos.
O imperdível show de Bob Dylan rompeu todos os limites do bom senso. Um ingresso em local mediano vale R$ 400,00 (comprando fora de São Paulo paga-se ainda uma taxa de R$ 100,00). Para sufocar naquele moedor de gente.
Muita razão têm os fãs que simplesmente ignoraram a Via Funchal e vão assistir às apresentações de Dylan no Rio de Janeiro (contando as passagens e o táxi, fica mais barato que o simples ingresso na Via Funchal) ou mesmo em Buenos Aires.
E o Procon? Ora, o Procon...

Um comentário:

Elisa Mueller disse...

Olá

Concordo plenamente! Fui hj lá comprar meia entrada para o show do Nightwish, e não aceitaram minha documentação, pois como estou com uma carteirinha provisória da UNICAMP, levei o protocolo assinado pela UNICAMP, que estou no aguardo da carteirinha definitiva (que foi aceito pelo Credicard Hall), mas como não tem um carimbo ("burro"cracia) não era um documento válido.

Estou pasma.. por que a atendente dizia que acreditava em mim, mas era norma da casa não aceitar doc sem carimbo.

Isso por que eu saí de Campinas, para comprar o ingresso, por que não há postos de venda q vendem meia, sem ser a bilheteria da Via Funchal.

Agora com tudo q li sobre a casa, vou muito atenta no dia do show.. comprei camarote, esperando ter uma boa visão do show... vamos ver...

elisaunicamp@gmail.com