O elenco do Palmeiras é melhor que o da Ponte em quase todas as posições – principalmente os reservas, que fizeram a diferença nas finais. O título do Campeonato Paulista foi justo, portanto.
Mas não alimentemos o provincianismo da imprensa paulistana. A equipe de Luxemburgo é pouco mais que mediana. Dos últimos seis jogos que disputou, venceu três, empatou um e perdeu dois, incluindo uma goleada para o limitado Sport. As disputas contra o São Paulo e o zero a zero com o time pernambucano, no Palestra Itália, foram tecnicamente sofríveis.
As vitórias sobre a Ponte ocorreram perante uma equipe destroçada por suspensões e contusões. Na goleada final, Elias e César não tinham condições de jogo e foram escalados porque não havia alternativas. A arbitragem permitiu que o Palmeiras cometesse 33 faltas (onze a mais do que a Ponte), não assinalou um pênalti a favor desta e validou um gol palmeirense em impedimento.
O técnico Sérgio Guedes é o grande responsável pela reformulação bem-sucedida que levou a Ponte à decisão. Sua paixão pelo clube, sua reverência perante a torcida e sua transparente simplicidade chegam a ser comoventes, deixando um exemplo raro e valioso para os muitos ególatras que dominam o esporte.
Sérgio tem uma obsessão pelo jogo ofensivo. Parece, realmente, que só consegue extrair boas atuações quando monta o time no tradicional 4-4-2. Em todas as ocasiões que exigiram mudança no esquema, a Ponte perdeu. Consciente (até demais) das limitações da equipe, o técnico prefere optar pela modéstia tática, adotando um sistema simples e efetivo.
Paradoxalmente, porém, a opção ofensiva pressupõe certa arrogância, inerente ao competidor que pressiona seu concorrente. A Ponte deveria ter evitado essa postura ao encarar uma equipe superior, em condições desfavoráveis. Jamais poderia ceder à tentação de atacar desde o início. Até este humilde escriba, que é um sonso, já dizia desde o início da semana passada que a Ponte seria goleada se fosse para cima. Era, julgo, tudo o que Luxemburgo queria.
O correto seria abusar da frieza, mantendo o 4-4-2, e cansar o Palmeiras até metade do segundo tempo. Num golpe de posicionamento, ou mesmo substituindo o meia Elias pelo atacante Wanderley, a equipe partiria para cima, tentando encerrar a fatura em alguns ataques cirúrgicos. O exemplo mais eficaz dessa tática foi a conquista da Copa do Brasil pelo Santo André, em 2004, contra o Flamengo, em pleno Maracanã lotado.
Mesmo com todos os riscos, não havia outra maneira. Infelizmente, faltou ao irrepreensível Sérgio Guedes um toque de humildade para consagrar-se. E ficou a lição de que as grandes vitórias dependem fundamentalmente de se escolher a estratégia correta.
Acertar escanteios também ajudaria muito.
A imagem acima foi captada por celular, em meio à brava turba alvinegra, minutos antes da decisão no Palestra. Não, eu não aprendo.
Um comentário:
Fala companheiro pontepretano! Acho que você matou a pau na análise.
E parabéns por ter ido ao Palestra. Esse ano a gente sobe...
Grande abraço alvinegro.
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