Caro sr. Guilherme:
Li com atenção e respeito suas considerações.
Agradeço os elogios ao meu currículo.
Creio haver uma divergência conceitual sobre a função do ombudsman. Ela não exige "confrontar efetivamente o jornal, arrancando-lhe providências indesejadas".
O ombudsman deve ser a voz dos leitores junto aos editores e diretores do jornal. No limite, quando se chega a ele, o leitor deve deixar de ler o jornal se já não sente haver ligação possível com ele.
O ombudsman deve fazer o que pode para impedir que isso aconteça no maior número de casos. Para isso, deve tentar convencer os responsáveis pelo jornal a mudar quando acha necessário.
Mas o ombudsman não deve ser, a meu juízo, simples correia de transmissão dos leitores que se dirigem a ele. Por pelo menos dois motivos: primeiro, os leitores que recorrem a ele não são todos os leitores, são uma minoria, cuja representatividade é difícil estimar; segundo, há princípios que nem mesmo se a unanimidade dos leitores resolvesse derrubar, o ombudsman deve defender. Da mesma forma, esses princípios, quando ofendidos pelo jornal, podem levar o ombudsman a um rompimento.
Aprecio muito o diálogo em torno de idéias. Terei prazer em continuar esta discussão e iniciar outros consigo, caso tenha interesse.
Um abraço,
Carlos Eduardo Lins da Silva
Ombudsman - Folha de S.Paulo
Um comentário:
"No limite, quando se chega a ele, o leitor deve deixar de ler o jornal se já não sente haver ligação possível com ele".
Não sei se o ouvidor percebeu a ironia do seu próprio trexto contra o jornal.
Parece que há muita gente "chegando ao limite" com a Folha, dada a significativa queda de tiragem do jornal...
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