O desempenho coletivo da delegação brasileira nos Jogos de Pequim determinará a sorte da política de apoio estatal ao esporte de alto rendimento.
No último quadriênio, o governo Lula concedeu tratamento privilegiado às modalidades olímpicas. Reestruturou o Ministério do Esporte, criando três secretarias, seis programas de apoio (o Bolsa-Atleta e o Segundo Tempo são os mais bem-sucedidos) e uma rede de parcerias e convênios. Promoveu também a maior injeção de verbas públicas já registrada para a área, canalizadas via Orçamento, Lei Agnelo/Piva, isenções tributárias e patrocínios de empresas estatais.
Os resultados são perceptíveis na infra-estrutura, na formação de atletas e na especialização das comissões técnicas. Persistem problemas gigantescos, inclusive nessas esferas, mas a evolução verificada a partir do quadro anterior, de abandono e amadorismo, é proporcional ao misterioso silêncio da imprensa ao tratar do tema.
A crônica especializada tenta fugir do ufanismo reinante acomodando-se num pessimismo hiper-crítico, baseado em dois sofismas depreciativos: a) o Brasil, subdesenvolvido, não pode aspirar ao sucesso olímpico e, portanto, não “merece” as medalhas conquistadas (nem deve comemorá-las); b) o governo federal erra ao financiar o esporte de alto rendimento (função que caberia à iniciativa privada), mas também erra ao omitir-se, permitindo que a falta de verbas leve ao fracasso nas competições.
Em síntese, no final da equação, o governo federal será condenado pelo que fez e pelo que deixou de fazer.
O tema, vasto e espinhoso, será previsivelmente negligenciado pelas coberturas dos Jogos, contaminadas por patriotadas, demagogias e subtextos pré-eleitorais. Mas não custa acompanhar a participação brasileira no maior evento esportivo contemporâneo como o resultado parcial de uma onerosa, inédita e polêmica gestão esportiva. Se medalhas serviriam para dimensionar seus resultados, é questão para outras análises.
2 comentários:
Os setores de desporto e imprensa sempre criticaram a falta de recursos. O Governo Lula investiu sentenas de milhões de reais no esporte, porém as federações e o COB se mostraram incompetentes na aplicação desses recursos em objeto final. Resta saber se a imprensa nacional vai cobrar destes dirigentes esportivos suas responsabilidade, ou vai engolir cegamente o argumento do COB para desviar o foco de sua incompetência.
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