A situação paulistana é comum em campanhas eleitorais: um candidato lidera com folga, enquanto outros dois disputam acirradamente a segunda vaga na votação decisiva. O desespero e a incompatibilidade política levam à troca de agressões, criando animosidades entre militâncias e eleitores dos dois pleiteantes. No segundo turno, os apoiadores do preterido tendem a esboçar uma vingança silenciosa contra o agressor.
Dificilmente o primeiro colocado perde uma eleição nessas circunstâncias.
Mas a guinada agressiva da campanha de Geraldo Alckmin antecipa uma estratégia de “terra arrasada” que vai além dos embates eleitorais. Alckmin agarrará José Serra num abraço de náufrago, alimentando uma luta fratricida na coligação PSDB-DEM (PFL) que governa Estado e Prefeitura. É a manobra do “perco eu, perdemos todos”.
Serra será provocado a defender o ex-malufista Gilberto Kassab e a criticar uma administração estadual cuja continuidade, em tese, representa. Os políticos tucanos que, contrariando as diretrizes partidárias, fazem campanha para o prefeito demo, serão constrangidos a assumir sua infidelidade ou a silenciar vexatoriamente. E em breve os demos vão contra-atacar, perpetuando o ciclo agressivo.
O gesto de Alckmin parece partir do pressuposto de que, se ele não vencer a disputa municipal, o sucesso de Marta Suplicy é preferível à perpetuação do serrismo – e talvez não seja uma análise totalmente equivocada. Se a campanha da petista souber manobrar nesse ambiente conturbado, triunfará com menos dificuldade do que se pensa.
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