Jamais discutirei a biografia, o caráter ou as intenções da ex-ministra, que nada têm a ver com pretensões eleitorais.
Sua candidatura não tem chance real de sucesso por inúmeros motivos. Faltam-lhe uma aliança partidária abrangente, tempos de rádio e TV, investimentos, palanques regionais, militância numerosa e qualificada. A experiência e o perfil de Heloísa Helena a sufocam ou, na melhor das hipóteses, anulam suas especificidades. E, convenhamos, atrair Gilberto Gil, Protógenes Queiroz ou Nelson Mandela não trará enormes benefícios junto a eleitorado majoritariamente conservador e preconceituoso.
Um projeto monotemático (seja ambiental ou qualquer outro) é insuficiente para empreitada desse porte. O pretenso diferencial da “honestidade” e do apelo moral pode ser encontrado em todo e qualquer discurso de campanha. E bastará revelar as ligações de Marina com a igreja evangélica e outros misticismos ultraconservadores para que ela perca o deslumbramento do eleitor progressista.
Quem ignora essas dificuldades insanáveis está ludibriando o distinto público.
Ademais, há sim o fator político. Sua militância reagirá bem quando ela sair na foto abraçada com Zequinha Sarney? Marina subirá no palanque fluminense do neotucano Fernando Gabeira, junto a lideranças do DEM (PFL) e do PSDB local? Como se portará em São Paulo, onde o PV apóia José Serra e Gilberto Kassab? Será omissa no segundo turno, prejudicando seu antigo partido e favorecendo o retorno da “direita liberal” que tanto combateu?
Até as pranchetas do Datafolha sabem que a disputa presidencial será plebiscitária e polarizada; feliz ou infelizmente, Marina permanecerá apartada desse embate. A imprensa serrista comemora sua pré-candidatura porque ainda parece conveniente para dividir os votos de Dilma Rousseff. É só Marina começar a enfraquecer José Serra que o bondoso governador tratora tudo e acaba com essa brincadeira sem graça.
8 comentários:
Caro Guilherme,
Será possível que tudo isso que você diz não tenha passado pela cabeça da Marina? Continuo acreditando na esquerda como a nossa única esperança, mas às vezes ela nao te parece (pelo menos no universo político) em frangalhos, diluida pela máquina? Será que um dia só nos restará o Lula em quem apostar as nossas fichas?
Abraço.
Jair
Oi, Guilherme.
Brilhante texto, pra variar. Ainda não consegui me conformar com essa decisão de Marina Silva. Tinha respeito por ela. Agora estou com raiva.
Concordo, ela não vai conseguir nada, a não ser sujar todo o seu passado. Bem, se pelo menos tirar mais votos do Serra do que da Dilma...
Abraços.
Guilherme,
Seus comentários têm grande pertinência. Certamente a campanha monotemática não é real nem resolve nossos problemas. Além disso, a candidatura da Marina, da forma como hoje é posta, não parece ter qualquer chance de vencer.
Entretanto, como dito por você em resposta a um outro comentário que fiz, ainda falta muito para as eleições.
Sem querer fazer um comentário piegas, num primeiro instante vejo com muito bons olhos a candidatura da Marina por trazer ao debate a questão ambiental.
Ganhando ou não, com chances reais de disputa ou não, os demais candidatos terão de se posicionar sobre a questão.
Há pouco, a Dilma bateu no MMa em nome das obras do PAC, o que eu acho um absurdo. Não por ter sido a Dilma, mas porque sou fervoroso militante de causas ambientais.
A verdade é que o planeta do jeito que hoje está não se sustenta. Isso é preciso mudar urgentemente. E o Brasil ainda não está fazendo a sua parte.
O Zequinha Sarney tem problemas em sua biografia. Ser filho de quem é piora a situação. Mas, sejamos justos. No universo em que está inserido, não é dos piores. Ao menos têm excelentes leis e projetos de leis de sua iniciativa (ao menos para a questão ambiental).
A quem a Marina vai incomodar é o menos importante. O fundamental é que me parece que, em qualquer circunstância, o país ganha com o debate ambienteal que, cá pra nós, ainda está muito abaixo do necessário.
Abraços,
Felipe
Debate ambiental...bem...ao que parece o único debate que tem valido nos últimos tempos é o de manipulação da nossa pretensa candidata por forças não tão ocultas e oposicionistas, sedentas pelo poder que emanaram sobre brasileiros e brasileiras.
Meu povo, não se iludam, um projeto não se faz dividindo.
Começo agora a também como a colega Cibele disse acima, ter raiva e também a desconfiar a saída magistral a qual se deu tanta publicidade midiática da nossa ex-ministra, senadora, ex-seringueira Marina...a história é bonita, mas o que está por trás dos planos para o futuro?
Será tão difícil conjunturar? Ou tão óbvio que se torne até cansativo de contextualizar?
O futuro (mesmo maniqueista) dirá!
Por um pequeno espaço de tempo cheguei a acreditar em inciativa popular, principios e pá...mas isso certamente não ganha eleições!
Jair,
essa é a imagem que parte da imprensa quer nos transmitir: de caos generalizado e fracasso dos ideais progressistas. A esquerda precisa se reorganizar e demonstrar coesão antes que seus adversários a atropelem.
Abraço do
Guilherme
Olá Guilherme,
Seu comentário lá no Darwiniano ficou preso no filtro anti-spam, mas já foi liberado.
Abraço, e obrigado pela colaboração.
Gutierrez...
O tempo é sempre o nosso melhor aliado, pessoas....É preciso viver um dia de cada vez...Hoje a Senadora Marina Silva, afiliou-se ao PV. Ela própria disse so comentar sobre uma provavel candidatura em 2010. Que tanto ficam todos ai conjecturando e supondo, hipotetizando? Ao inves de se ficar apenas arguindo na rede, canalizem suas energias para pensar em soluções, manifestem seus pontos de vistas, concretamente, reivindiquem de seus eleitos os seus direitos....
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