sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

A Confecom é um começo


A primeira Conferência Nacional de Comunicação venceu as limitações originais e terminou como exemplo histórico de democracia participativa. Foi um marcante revés para os setores da sociedade que se locupletam do eterno colapso de representatividade política, origem de monopólios e privilégios em qualquer área.

As grandes empresas jornalísticas boicotaram o evento, demonstrando que seu conceito de liberdade equivale a um monólogo sem discordantes, à concessão de bens públicos isenta de contrapartidas. E se pensavam que sua ausência afetaria a legitimidade dos debates, devem estar decepcionadas.

Mas parece prudente evitar regozijo demasiado. O documento elaborado pela Confecom servirá apenas como base hipotética e parcial para medidas legislativas. Nem todas as mais de 600 propostas resultantes são plausíveis ou positivas (por exemplo, a exigência de diploma jornalístico). É impossível que o Congresso atual aprove um emaranhado de mudanças drásticas em ano eleitoral. E é improvável que qualquer legislatura contrarie o poderosíssimo lobby da indústria midiática.

O tempo das evoluções é longo. Se, daqui a dois ou três anos, um pequeno conjunto de idéias se transformar em modesta lei que demorará mais uma década para ser cumprida, já teremos avançado muito. Fica, no entanto, o símbolo do poder transformador da mobilização popular. Alguns o vêem como ameaça: pior para eles.

Um comentário:

Clayton disse...

É verdade, Guilherme, esperar que a CONFECOM logre todos os êxitos alimentados por nossas expectativas é querer demais. Como você mesmo ressaltou, é pelo menos um bom começo, pois quem apostou no fracasso total da CONFECOM deu com os burros n’água. Agora é o início da mobilização e pressão popular para aprovação do maior número de propostas possíveis!
Felizmente, a curva de acesso à Internet é ascendente e se contrapõe à curva de acesso à TV aberta, que parece declinar. Se não houver nenhum AI-5 Digital e se a Banda Larga gratuita se tornar realidade, esperamos fortalecer a blogosfera e outros sítios que defendem as causas sociais e os direitos de tod@s.
Abraços,
Clayton