quinta-feira, 11 de março de 2010

Racismos


Critiquei o sistema de cotas raciais antes mesmo que fosse adotado no país. Sempre me pareceu que a questão era conduzida com autoritarismo e mistificações, por parte de defensores e adversários. Políticas compensatórias deveriam objetivar a diminuição das desigualdades, nada mais. Inserir um diferencial étnico destrói esse espírito, principalmente onde os afro-descendentes representam a maioria da população.

É perigoso abraçar o revanchismo histórico: todo radical possui algo de justiceiro. Basta lembrar, por exemplo, como os nazistas usaram a derrota na I Guerra e como o expansionismo israelense usa o Holocausto para justificar seus respectivos abusos. Podemos obrigar as gerações atuais a corrigir os erros de seus antepassados? Devemos cobrar o mesmo de Portugal, e nossos vizinhos da Espanha? Como satisfazer, daqui a séculos, quem responsabilizar as empresas transnacionais pelos males do mundo?

As cotas serão endossadas pelo STF. Claro, será melhor assim, seus benefícios suplantam qualquer obstáculo teórico. Mas os protagonistas deste importante momento de reconstrução democrática poderiam deixar um legado menos maniqueísta e, enfim, “racial” para as sociedades futuras.

3 comentários:

Anônimo disse...

Cota é palavreado de corrupto .
Minha cota !
Interessante empatia .

Diminuir desigualdades é o que deve ser feito .

miguel disse...

Me desculpe pelo comentário que nada tem a ver com o post. O fato é que morreram da forma mais estúpida e odiável possível o cartunista Glauco e seu filho de 25 anos (segundo informações Glauco completou 53 anteontem). Mais uma vez a inevitável pergunta: até quando vamos BOVINAMENTE tolerar tudo isso? Confesso que essa conversa de saber (?) votar já me torrou a paciência. Votar em quem? Quem vai mudar tudo isso? Sinceramente, eu não acredito em mais ninguém (de esquerda ou de direita)! Tudo indica que a tendência é piorar, até porque esperar atitude de um povo em que cerca de 70 milhões (ou serão mais?)ficam ligados num lixo como o Big Bosta Bial é querer demais, não é, Guilherme?

Juarez Silva (Manaus) disse...

Nada a ver Scalzilli..., em nenhum momento se associa cotas "raciais" a qualquer viés "étnico" mas sim hsitorico-social populacional, até porque os negros brasileiros não configuram "etnia" (que pressupõe : língua própria ou "dialeto", mito de criação próprio, cosmovisão e tradições culturais milenares, território ancestral delimitado e definido, e a noção de parentesco remoto, ou seja TRIBO...), no Brasil grupos étnicos são Árabes, Judeus, Povos Indígenas, Ciganos e outras minorias.

Negros (cujo significado é escravo/descendente de escravos) é um grupo "racial" (apesar de não haver raças do ponto de vista biológico), uma construção social feita a partir da equivocada ideia de raças diversas com base no fenotipo característico de cada continente... (no caso os descendentes de várias etnias africanas sequestradas para o Brasil, se tornaram simplesmente um grupo amalgamado visualizado pela cor/origem escrava e um mosaico cultural NEGRO (africano de diáspora) formado a partir de variadas culturas africanas).

Logo as AA "raciais" não são voltadas para "Etnias" mas para grupos populacionais historicamente prejudicadas no contexto brasileiro (Indígenas e afrobrasileiros) .