segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Banzé na província


A Câmara Municipal de Campinas afastou o prefeito Hélio de Oliveira Santos (PDT) na madrugada do último sábado. Mesmo que nem todas as acusações contra ele, sua esposa e seus amigos sejam verdadeiras, a cidade já atravessa um escândalo histórico. Mas fica difícil colher informações úteis no constrangedor clima de linchamento e oportunismo que envolve os inquéritos, o noticiário, as súbitas metamorfoses partidárias.

Salta aos olhos o abrupto declínio do respaldo político e da popularidade que sempre acompanharam o “Doutor Hélio” e a turma esquisita que o cercava. Apesar dos vários defeitos (o abandono da Cultura e os equívocos no transporte público, por exemplo), seus governos destacaram-se positivamente dos miseráveis padrões administrativos que vigoram há décadas no município.

Acontece que o ex-prefeito recebeu o veemente apoio de Lula, decisivo para suas obras mais importantes. A estratégia visava enfraquecer a direita local, afinada com as lideranças do PSDB no Estado, viabilizando a eleição de um petista em 2012. O mais cotado era o vice-prefeito Demétrio Vilagra, também sob investigação, que chegou a ser preso depois de o considerarem “foragido” numa viagem de férias. Mas havia outra possível conseqüência do arranjo: uma candidatura de Hélio a governador, com apelo fácil na rica e populosa região metropolitana de Campinas.

Essa conveniente assepsia pré-eleitoral, típica do momento, deixa tudo com um aspecto meio temerário. Ademais, a deserção quase unânime da antiga base aliada na Câmara e o sumiço misterioso do vínculo entre os escândalos campineiros e a administração Geraldo Alckmin antecipam o tradicional acerto de bastidores que sacrifica um bode expiatório e preserva a integridade do rebanho. Melhor para os interesses da hegemonia estadual demo-tucana.

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