segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Ao deus-dará



Campinas (SP) chega a 2012 sem um administrador eleito para esse fim. Demétrio Vilagra (PT), empossado após o afastamento de Hélio de Oliveira Santos (PDT), acaba de ser derrubado pela Câmara. A Justiça Eleitoral determinou que os próprios vereadores escolham o novo alcaide-tampão, para mais um ano de pândega ilegítima.

A eventual culpa de Vilagra perdeu relevância há meses. Os famosos R$ 20 mil que teria recebido como propina em um negócio obscuro não soam plausíveis para quem conhece o tamanho dos valores e interesses traficados numa cidade com cerca de 1,5 milhão de habitantes. E aquela história dele ser dado como “foragido” numa viagem de férias (e preso feito gângster na chegada ao aeroporto) foi difícil de engolir.

Não quero defender ninguém, blá, blá, blá. Mas as coisas ficaram convenientes demais para certa facção que sempre esteve unida em torno do governismo e agora reparte o butim desse mal disfarçado golpe de gabinete. Enquanto eles brincam de parlamentarismo, a cidade está abandonada, putrefazendo-se, à mercê de uma legislatura medíocre, contando os minutos para a próxima campanha eleitoral, cujo resultado até as crateras das ruas já conhecem.

O que transforma a província num caso relevante é que ela serve de palco para um vasto leque de arranjos que une desde as lideranças petistas nos Congresso Nacional até articuladores do governo demotucano de São Paulo, passando pelas diversas siglas agregadas às respectivas gestões. Há relatos mais ou menos velados acerca de um acordo multipartidário para garantir que Jonas Donizete (PSB) se candidate a prefeito sem adversários competitivos. O sacrifício de Vilagra garante o sucesso do esquema. Pura coincidência, como afirmarão os dirigentes do maroto PT paulista.

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