Filme de estrada singelo, com ótimos atores, cenários
bonitos e desolados, músicas de Roberto Carlos e pára-choques de caminhão. A
sensação de conhecermos esse enredo (às avessas, na fonte mais notória) também se
deve às convenções do gênero, onde a escassez de recursos pede um esforço
redobrado em originalidade e audácia narrativa.
É fácil identificar os elementos constituintes do cinema
“popular” que Breno Silveira e outros autores tentam estabelecer. Mas, se buscamos
significados estéticos além da camada superficial de referências, resta um
vazio incômodo: tudo se basta na empatia imediata, na radical simplificação do
discurso e de suas potencialidades intelectuais.
Há algo demagógico nessa estratégia de aproximação.
O viés humanista (alguns diriam “melodramático”) é insuficiente para ocultar o oportunismo
comercial que sustenta a própria idéia de um “cinema popular brasileiro”. As
tais “globochanchadas” percorrem caminho semelhante, embora sem o esforço
autoral que podemos louvar em Breno Silveira. Mas não é possível que tenhamos
de abdicar da linguagem para conquistarmos um pedacinho miserável de mercado.
Um comentário:
Amei o filme! Mas sou mesmo melodramática. Gosto dessas histórias que fazem chorar. E as estradas, que lindas! Senti uma vontade enorme de sair pelo Brasil afora. Quanto aos parachoques de caminhão: que viagem! Acho que são uma das coisas mais interessantes do nosso país. Um abraço.
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