sexta-feira, 17 de agosto de 2012

“À beira do caminho”



















Filme de estrada singelo, com ótimos atores, cenários bonitos e desolados, músicas de Roberto Carlos e pára-choques de caminhão. A sensação de conhecermos esse enredo (às avessas, na fonte mais notória) também se deve às convenções do gênero, onde a escassez de recursos pede um esforço redobrado em originalidade e audácia narrativa.

É fácil identificar os elementos constituintes do cinema “popular” que Breno Silveira e outros autores tentam estabelecer. Mas, se buscamos significados estéticos além da camada superficial de referências, resta um vazio incômodo: tudo se basta na empatia imediata, na radical simplificação do discurso e de suas potencialidades intelectuais.

Há algo demagógico nessa estratégia de aproximação. O viés humanista (alguns diriam “melodramático”) é insuficiente para ocultar o oportunismo comercial que sustenta a própria idéia de um “cinema popular brasileiro”. As tais “globochanchadas” percorrem caminho semelhante, embora sem o esforço autoral que podemos louvar em Breno Silveira. Mas não é possível que tenhamos de abdicar da linguagem para conquistarmos um pedacinho miserável de mercado.

Um comentário:

Vania disse...

Amei o filme! Mas sou mesmo melodramática. Gosto dessas histórias que fazem chorar. E as estradas, que lindas! Senti uma vontade enorme de sair pelo Brasil afora. Quanto aos parachoques de caminhão: que viagem! Acho que são uma das coisas mais interessantes do nosso país. Um abraço.