Consulta médica rotineira. Sobre as cadeiras do salão,
exemplares de Veja fornecem a única distração possível aos entediados
pacientes. Fico imaginando quantas pessoas desinformadas encontram naquelas
porcarias a única fonte de informação textual de seus atarefados cotidianos. Que
noções constroem da política nacional, da religião, dos valores básicos de
cidadania, do próprio país.
Numa reação aflita e impensada, forjando três ou
quatro pulos mal dissimulados, vou trocando de assento e furtando, um a um, os
volumes da excrescência. Meto-os na pasta de couro, olhando ao redor, fingindo espantar
piolhos. Meio hipnotizados pela própria inação, os presentes parecem esquecer a
falta de alternativa e simplesmente divagam. Aliviado, completo a rapa do
local. Chegando em casa, segurando-as pela ponta dos dedos enojados, mandarei
ao lixo aquelas imundices.
Incorporo a decisão de cumprir essa missão brancaleônica
onde for possível. Alguém precisa fazer alguma coisa a respeito. Salas de
espera, desagradáveis por natureza, podem e devem oferecer passatempo mais
salubre que o subjornalismo demencial de Veja. Ou será que é a onipresença da revista que faz as salas de espera tão ruins?
4 comentários:
Paz e bem!
Tempos atrás
descobri um grupo do flickr
que promove ações similares
à que descrevestes:
http://www.flickr.com/groups/cacadordeveja
Está meio parado,
mas quem sabe agora movimente-se.
Mais interessante não seria dispormos de nossos exemplares de uma revista de outra opinião? Inclusive passarei a espalhar as minhas
Tem razão, Anônimo. É que a Veja me parece merecedora de uma ação mais agressiva, digamos, à altura de sua natureza nefasta. Mas a ideia deveria seduzir as publicações concorrentes. Espalhar amostrar gratuitas em consultórios seria uma boa estratégia de divulgação.
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