É difícil planejar uma campanha “negativa” eficaz.
Além das limitações das enquetes qualitativas que norteiam a estratégia, o modus operandi e a estrutura hierárquica
das campanhas impedem seus coordenadores de conhecer as verdadeiras repugnâncias
do público. Tom e conteúdo precisam afinar-se com as inquietações do
eleitorado, mas sem atrair a antipatia difusa dos descontentes pelo universo
político em geral. Quando não há denúncias pesadas e críveis, a estratégia
tende a acabar mal.
Numa época de incredulidade quanto aos institutos de pesquisa, a opção pelo ataque serve de termômetro bastante próximo daquilo
que os comitês tomam como real. A mudança abrupta no discurso de uma campanha
inicialmente serena e propositiva insinua guinada equivalente na sensação de
conforto que justificava esse comportamento. E o grau de virulência adotado
sinaliza a intensidade do susto.
Em Campinas, por exemplo, esse quadro fica patente
na súbita agressividade da propaganda de Jonas Donizette. Figura típica da
esquizofrenia conservadora do PSB paulista, apoiado por Geraldo Alckmin e pela
imprensa local, ele sempre ostentou o bom-mocismo característico da confortável
dianteira que alcançaria no primeiro turno. Sua repentina e desajeitada
transfiguração em agressor sugere que o crescimento do petista Márcio Pochmann
pode ser até maior do que o já surpreendente empate técnico apontado pelo
Ibope.
Existem diversas maneiras do candidato em vantagem
ou ascensão reagir às caneladas nesta reta final. Mas só há uma resposta pior
do que ignorá-las, que é ser pautado por seus temas, caindo num bate-boca
indireto que neutraliza as diferenças entre os adversários. Chamar a atenção do
eleitor para os esperneios do afogado permite que se desmoralize sozinho, sem
lhe fornecer uma vítima para o abraço fatal.
Um comentário:
Boa! Sería muito legal se todos os candidatos que ora estão sendo atacados pelos adversários pensassem assim também. Acho que o eleitorado, de uma maneira geral, seria grandemente beneficiado.
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