Qualquer análise das eleições que negligencie
fatores locais estará fadada ao equívoco. Mas, se podemos esboçar algum balanço
genérico dos novos cenários municipais, é forçoso reconhecer a vitória política
do governo federal.
A base aliada conquistou 60% do total das
prefeituras e o mesmo índice entre as 83 cidades acima de 200 mil habitantes.
Partido mais votado no país, o PT continua sendo a grande força mobilizadora
desse grupo: aumentou em 77 o número de administrações (só o PSB superou essa
marca) e governará cerca de 20% do eleitorado brasileiro.
Individualmente, Dilma Rousseff e Luis Inácio Lula
da Silva revelaram-se fenômenos de persuasão eleitoral. Foram citados por
candidatos de todas as filiações e até por adversários históricos da esquerda. O
PSB jamais conquistaria as festejadas cinco capitais e outras tantas cidades grandes
se não desfrutasse da popularidade avassaladora de Lula e Dilma, ou se
enfrentasse os seus preferidos.
As relevantes vitórias pontuais dos partidos oposicionistas
não amenizam sua evidente decadência como forças nacionais. O DEM perdeu 218 prefeituras
e o PSDB, 89. Ambos venceram apenas duas eleições no Rio de janeiro e nove na Bahia,
para citar exemplos de peso. Mesmo em Minas Gerais, com a influência de Aécio
Neves, seu partido superou o PT em apenas 29 conquistas, diferença que equivale
a míseros 3% do total no estado. PPS e PV, somados, não atingem 5% das cidades
brasileiras.
Mistificação comum no jornalismo corporativo, a suposta
apoteose do PSB rumo a 2014 não encontra respaldo estatístico. O partido ultrapassou
os 15% das prefeituras somente no Espírito Santo, no Ceará, no Piauí, no Amapá
e em Pernambuco. Teve 11% no Tocantins e não chegou a 8% nos outros estados. No
Sudeste, só passou os 5% com as oito prefeituras fluminenses. A influência de Eduardo
Campos fora de Pernambuco depende das alianças dos seus correligionários com as
máquinas locais (especialmente as demotucanas) que os usaram para inventar uma
fachada governista.
Um comentário:
Hà de se notar que a "imprensa" nativa já está fazendo um grande esforço para dizer que a oposição se fortaleceu, e que Eduardo Campos (PSB) vai sair da base aliada para se juntar aos demo-tucanos em 2014. Ou quem sabe, em 2018. A ver! Também tenho certa incapacidade de enxergar esse tremendo apelo eleitoral de Eduardo Campos. Sem o apoio de Lula e Dilma, será? A ver!
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