É fácil entender por que uma eventual candidatura
de Joaquim Barbosa seduz o oposicionismo nacional. Experiente, austero,
bem-sucedido e retórico, o ministro do STF encarna o tão desejado perfil do
quadro conservador livre de estigmas partidários e do farisaísmo rançoso que
costuma azedar o discurso moralista da direita. E ele carrega a popularidade
conquistada pela espetacularização do julgamento que ora protagoniza.
Mas confesso que vejo o ensaio como positivo.
Primeiro porque a falta de estofo político credencia o nobre magistrado (e seus
apoiadores) a um enorme vexame eleitoral. Já aconteceu antes, com gente mais poderosa
e bem preparada.
E segundo porque, para vencer essa dificuldade,
Barbosa precisará receber imediata e reiterada atenção da imprensa. A exposição
de sua vida pessoal, os debates sobre suas atividades jurídicas e os
questionamentos acerca dos seus critérios condenatórios no caso que o tornou
famoso ajudarão a desfazer muitas ilusões sobre o personagem e a instituição
que ele inevitavelmente representará.
Por um lado seria útil manter o assunto na pauta
quando os mensaleiros demotucanos caírem no esquecimento da mídia. Por outro,
escancarando a politização do Judiciário, a campanha finalmente assumiria o que sempre esteve em jogo desde o início.
Um comentário:
Adoraria ver Joaquim Barbosa candidato a qualquer coisa. Veremos qual a consciência política do cidadão. Aqui em Sampa City, sempre procuramos o mais reacionário, retrógrado e atrasado possível. Adoraria ver o magistrado julgando alguém que fosse simpático aos Mervais, Casoys, etc.
Postar um comentário