Cachorro grande

A turma que atacou as praças de pedágio em São Paulo descobriu que existem certos limites consentidos para a indignação popular.

Uma coisa é mexer com dinheiro público, forçando remanejamentos orçamentários que, afinal, continuarão beneficiando as empresas e sacrificando os contribuintes. Outra bem diferente é atingir de fato os lucros dos cartéis poderosíssimos que abiscoitam várias Copas por ano às custas do pobre motorista.

Aí a resposta equivale ao poder de quem manda e não deve satisfa: a polícia bate mesmo, a imprensa finge que não vê, os protestantes viram bandidos e não sobra uma lasca de pneu para contar a história.

Quando os bloqueios de estradas e aeroportos causavam constrangimentos à imagem do país em plena Copa das Confederações, a mídia comemorava o clamor democrático do povo sofrido. Bastou surgirem lunáticos metendo pauladas na galinha dos ovos de ouro do grão-tucanato paulista e a graça acabou rapidinho.

Todas as reivindicações são razoáveis até bulirem no cofre dos chefes. Tentem liberar as catracas do metrô paulistano para ver o que acontece.