quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

A barbárie mora ao lado


















O escândalo maranhense tem o mérito de ilustrar os malefícios causados pela família Sarney ao país. Mas as chocantes imagens das decapitações dos presos jamais seriam divulgadas se ocorressem nos campos de concentração paulistas. Nem, aliás, nos outros estados brasileiros controlados por coronéis que as redações toleram.

A merecida avalanche que soterra os Sarney tem um incômodo viés diversionista. O mais evidente é afastar a opinião pública das mazelas cotidianas que atingem o reduto da oligarquia demotucana paulista. Como estão as prisões de São Paulo? E a antiga Febem, de horrorosa memória? E a criminalidade endêmica, afinada com a corrupção policial, que segue matando civis impunemente?

Outro fator é o papel do Judiciário na perpetuação da calamidade. Todo esse descalabro poderia ser evitado com a atuação dos magistrados locais e, para variar, com um posicionamento digno do STF acerca dos pedidos de intervenção federal. Por que nenhum juiz, nenhum desembargador, nenhum ministro, ninguém jamais fez qualquer coisa para aliviar os horrores prisionais brasileiros?

A imprensa que agora se faz de perplexa sempre teve acesso às informações necessárias para promover uma verdadeira campanha pela moralização desse colapso. Omitiu-se porque não era conveniente abordar o assunto. Ou melhor, porque ele atingia seus aliados nas cortes e nos gabinetes.

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