O escândalo maranhense tem o mérito de ilustrar os
malefícios causados pela família Sarney ao país. Mas as chocantes imagens das
decapitações dos presos jamais seriam divulgadas se ocorressem nos campos de concentração paulistas. Nem, aliás, nos outros estados brasileiros controlados
por coronéis que as redações toleram.
A merecida avalanche que soterra os Sarney tem um
incômodo viés diversionista. O mais evidente é afastar a opinião pública das mazelas cotidianas que atingem o reduto da oligarquia demotucana paulista. Como
estão as prisões de São Paulo? E a antiga Febem, de horrorosa memória? E a
criminalidade endêmica, afinada com a corrupção policial, que segue matando
civis impunemente?
Outro fator é o papel do Judiciário na perpetuação
da calamidade. Todo esse descalabro poderia ser evitado com a atuação dos
magistrados locais e, para variar, com um posicionamento digno do STF acerca
dos pedidos de intervenção federal. Por que nenhum juiz, nenhum desembargador,
nenhum ministro, ninguém jamais fez qualquer coisa para aliviar os horrores
prisionais brasileiros?
A imprensa que agora se faz de perplexa sempre
teve acesso às informações necessárias para promover uma verdadeira campanha
pela moralização desse colapso. Omitiu-se porque não era conveniente abordar o
assunto. Ou melhor, porque ele atingia seus aliados nas cortes e nos gabinetes.
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