Conforme previsto, derreteu a greve ameaçada pelos
jogadores de futebol. A amarelada ocorreu quando os insatisfeitos e seus
apoiadores descobriram que um movimento reivindicatório é, por definição,
político. Exige pauta, liderança, agenda de negociações, um antagonista a ser
confrontado.
Alguém realmente imaginou os atletas corintianos exigindo
melhores condições de trabalho da diretoria do clube? Enfrentando na Justiça as
torcidas organizadas? Denunciando a incompetência das forças policiais
comandadas por Geraldo Alckmin?
A imprensa esportiva insuflou a rebeldia porque esta
ajuda na desmoralização da Copa do Mundo. Se quisessem mesmo abordar a
flagrante decadência do futebol brasileiro, os jornalistas começariam
discutindo os danos causados ao esporte pelos privilégios financeiros do
próprio Corinthians. Benefícios que, aliás, financiam os seus elencos
supervalorizados, os empresários obscuros e até o banditismo uniformizado.
A prova cabal da politização que motivou a
solidariedade midiática é exatamente a recusa a estendê-la para as verdadeiras
origens políticas dos problemas. Os Bons Sensos da vida são muito bacanas enquanto
não pleitearem medidas para impedir a exploração dos times interioranos pelo
cartel da CBF. A segurança dos jogadores e das torcidas justifica honrosas gritarias,
desde que não atinjam tucanos candidatos a reeleição.
Porque aí fica demais até para os funcionários do
time da Globo.
Um comentário:
Lembro de uma entrevista em campo que O Rogério Ceni dizia que não era um movimento político, que se fosse político ele caía fora... Triste país que a política é entendida como algo exterior às relações humanas.
Postar um comentário