Há exatos quatro anos a blogosfera se agitava por
causa de uma disparidade entre as pesquisas de intenção de voto para presidente
da República. Nas médias gerais, Dilma Rousseff aparecia com cerca de 28%,
enquanto José Serra oscilava ao redor de 35%. No primeiro turno, seis meses
depois, a petista receberia 47% dos votos e o tucano, 33%.
Também as reações aos levantamentos se repetem
agora. A mídia corporativa finge que ignora as especificidades do momento e
comemora a suposta viabilização do combalido oposicionismo. Os governistas, um
tanto apavorados demais, ecoam um catastrofismo que só favorece os adversários.
E, novamente, a campanha eleitoral sequer começou.
Até as esquisitices do último Datafolha são
requentadas e manjadíssimas. Seu questionário é um primor de parcialidade,
independente da ordem das perguntas. Não há qualquer menção à máfia dos cartéis
do PSDB paulista, por exemplo.
No fundo, o que o instituto está medindo é a
eficácia da campanha jornalística negativa dirigida nas últimas semanas contra
o governo federal. Como em todo bom projeto publicitário, as estatísticas visam
municiar os próximos passos da grande imprensa, redefinindo prioridades e
corrigindo rumos. Também serve para que os marqueteiros dos candidatos da
oposição afinem discursos e plataformas.
Mas, repito, nada disso é novo ou surpreendente. A
militância precisa apenas ter em mente que se trata de um processo autogerador
de factóides político-eleitorais: o noticiário fornece o mote da pesquisa, que
por sua vez alimenta o noticiário. No final das contas, acertando curvas aqui e
ali, os levantamentos vão acabar convergindo para um resultado mais ou menos
“real”. Acredita neles, e na imprensa, quem quer.
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