Guilherme, voltando àquele seu texto sobre o tropa de elite (veja aqui), ao responder meu comentário você dizia que o "tráfico absorve parte da população excluída, impedindo-a de ingressar em outras atividades ilegais ou até mesmo de disputar oportunidades no mercado. Mas não entendi se essa transferência lhe agrada". Respondendo a sua pergunta, a situação também não me agrada. No mais, concordo com o sua resposta ao meu comentário, sobretudo quando você diz que "A droga tem menos a ver com a violência do que a fome e a exclusão". Por isso eu disse que quem identifica imediatamente o tráfico à criminalidade acaba pensando como o capitão, não com respeito aos métodos e a violência, mas com respeito às causas do problema. Por outro lado, talvez eu tenha minimizado a importância do tráfico na organização do crime, nem que seja historicamente. Mas avaliar isso já fugiria ao meu conhecimento do assunto. Eu só diria, por fim, algo sobre o filme, que eu acabei não comentando. Não acho tanto que o tropa seja um "filme de tese". Acho que menos que defender um ponto de vista do diretor ou do roteirista, se tratou ali de tentar passar o discurso e a ação dos membros da tropa de uma forma realista, sem interferências de contradiscuros, com todas as contradições e com tudo o que neles há de persuasivo. Podemos discutir se isso é possível, ou até que ponto é. Mas acho que a força maior do filme vem disso, dessa crueza de uma realidade que nos causa uma reação emocional forte e contra a qual não há como não se posicionar, como diante da própria violência. o que quero dizer, no fim das contas é que a discussão, me parece, não é feita dentro do próprio filme. Ali tenta se mostrar a coisa da maneira mais forte possível. Claro que poderíamos nos perguntar se não seria mais útil fazer um documentário simplesmente. Mas acho que a ficção feita daquela forma pode permitir tocar a realidade de uma maneira que o próprio olhar sobre a realidade crua não permitiria. Por isso acho que é um grande filme. É isso. Até.
Fabrício, 15 de junho de 2008
Fabrício, 15 de junho de 2008
Um comentário:
pô, fiquei lisonjeado.
abraço.
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