quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

A conveniência do erro


Num futuro distante, as arbitragens do futebol atual parecerão excrescências de tempos entrevados. Os jovens gargalharão, incrédulos, quando souberem que há recursos técnicos disponíveis para garantir a justiça dos resultados, mas as autoridades do esporte simplesmente preferem as decisões inapeláveis de três humanóides falíveis.

A maior incongruência de tolerar os equívocos dos juízes não se resume às justificativas toscas envolvendo a “emoção do espetáculo”. Absurdo ainda maior é saber que milhões de telespectadores acompanham imediatamente cada pequeno disparate, reconhecendo injustiças e logros, enquanto o universo paralelo das competições prossegue sua farsa escancarada e impune.

É inútil insistir na falácia do controle exercido pela imprensa, que continua omissa mesmo depois de episódios desmoralizantes como o de Edilson Pereira de Carvalho. Ninguém contabilizou os pênaltis marcados a favor do Vasco na série B de 2009, para ficar num exemplo recente e talvez menor de favorecimento. E a campanha contra jogos em altitude é exemplo dos limites da vontade polemizadora da crônica.

Abandonemos desde já a idéia de inchar a arbitragem. Bastaria disponibilizar imagens para verificação imediata pelo quarto árbitro, permitindo o recurso dos times que se sentirem lesados e a possibilidade de reverter decisões equivocadas.

Porém, como sempre, as mudanças só serão possíveis quando clubes e confederações poderosos descobrirem o fel do prejuízo irremediável. Cedo ou tarde, o errar humano deixará de lhes parecer tão interessante.

2 comentários:

Anônimo disse...

Estar consciente de que um resultado não foi justo,é algo que as emissoras de televisão estão nos cansando de tanto mostrar.
Não só no futebol , mas em muitos outros casos de impunidade .
Essa espécie de analfabetismo pós moderno , que não consegue articular maiores forças em curto prazo, cai na banalidade e vai moldando a comunicação e consequentemente o comportamento psiquico com a realidade.
Seria deixar de ser passivo e se tornar ativo usando as ferramentas de alienação !!!!
Pode ser possível , a verborragia futebolistica de botequins não é capaz de revoluções maiores do que uma simples sensação de vingança eletrônica.
Washington Olivetto , corintiano roxo , diz que:" não se pode ofender a inteligência do público"

Renato disse...

Não sou nem de longe um adepto do esporte bretão mas acho incompreensível que tal como agora utilizam utilizam headfones e microfones, não utilizem um destes aparatos como o iphone ou os reprodutores e vídeo portátil como apoio a decisão. Me parece que seriam excelentes ferramentas.