Como diziam os antepassados, pôs-me comovido feito o diabo. É cinefilia em estado puro, de um tipo que só os ratos de cinematecas e cineclubes podem compreender totalmente. Mas há também a música de Erik Satie, o elogio a Paris, a celebração de George Méliès, a lembrança dos esforços inestimáveis de Martin Scorsese para preservar os filmes antigos (inclusive, diga-se de passagem, o brasileiro “Limite”) e todo aquele mundo perdido das mecânicas engenhosas, das traquitanas, dos improvisos e da loucura que fizeram os primeiros anos do cinema.
Tenho grande interesse na fotografia de Robert Richardson (para além de sua figura peculiar) quando ele trabalha com enredos que exigem audácia formal. É um mestre dos universos oníricos, fabulosos, alucinados, quer dizer, da abordagem expressionista que esse tipo de narrativa pede. Abraça o ilusionismo sem receio de parecer exagerado ou rococó, mas com uma elegância que só os maiores estetas sabem atingir.
Richardson foi fundamental para a adequação do filme ao 3D, técnica exigida pela idéia de arriscar uma abordagem “mélièsiana” que aproximasse o espectador contemporâneo das audácias visuais do homenageado. Para tanto, optou por uma proliferação de contraluzes, travellings e primeiríssimos planos, que acentuam a sensação de tridimensionalidade e harmonizam a excessiva presença de animações e trucagens.
Apesar de aqui se preservar a coerência no uso da técnica (mais ou menos como fez James Cameron em “Avatar”), o 3D continua parecendo ingrato e dispensável. Os ingressos são absurdamente caros, os óculos fornecidos não respeitam as mínimas exigências de asseio e conservação, e o apelo fácil da novidade atrapalha a apreciação da obra e até de certos defeitos técnicos ocasionais. Na sala Cinemark onde assisti, a lente do projetor possuía uma distorção que manchava o centro da imagem, mas o disparate entrou na conta do inusitado.
Curiosamente, “Hugo” parte de premissa muito semelhante às de dois outros concorrentes no último Oscar, “Meia-noite em Paris” e “O artista”. Supera-os, contudo, graças à profunda veneração de Scorsese pela arte, que sublima cada enquadramento. Ocupa um lugar privilegiado na sua extensa e antológica filmografia.
Tenho grande interesse na fotografia de Robert Richardson (para além de sua figura peculiar) quando ele trabalha com enredos que exigem audácia formal. É um mestre dos universos oníricos, fabulosos, alucinados, quer dizer, da abordagem expressionista que esse tipo de narrativa pede. Abraça o ilusionismo sem receio de parecer exagerado ou rococó, mas com uma elegância que só os maiores estetas sabem atingir.
Richardson foi fundamental para a adequação do filme ao 3D, técnica exigida pela idéia de arriscar uma abordagem “mélièsiana” que aproximasse o espectador contemporâneo das audácias visuais do homenageado. Para tanto, optou por uma proliferação de contraluzes, travellings e primeiríssimos planos, que acentuam a sensação de tridimensionalidade e harmonizam a excessiva presença de animações e trucagens.
Apesar de aqui se preservar a coerência no uso da técnica (mais ou menos como fez James Cameron em “Avatar”), o 3D continua parecendo ingrato e dispensável. Os ingressos são absurdamente caros, os óculos fornecidos não respeitam as mínimas exigências de asseio e conservação, e o apelo fácil da novidade atrapalha a apreciação da obra e até de certos defeitos técnicos ocasionais. Na sala Cinemark onde assisti, a lente do projetor possuía uma distorção que manchava o centro da imagem, mas o disparate entrou na conta do inusitado.
Curiosamente, “Hugo” parte de premissa muito semelhante às de dois outros concorrentes no último Oscar, “Meia-noite em Paris” e “O artista”. Supera-os, contudo, graças à profunda veneração de Scorsese pela arte, que sublima cada enquadramento. Ocupa um lugar privilegiado na sua extensa e antológica filmografia.
Um comentário:
Guilherme, gostaria de sua crítica ao meu texto, minha apreensão do filme, postado no blog www.camilotextos.blogspot.com
Faça as críticas que quiser, dou esse direito aos meus visitantes.
Grato.
Camilo
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