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Os estádios
brasileiros custaram mais
Mesmo considerando as melhorias nos arredores, apenas
o Mané Garrincha e o Maracanã tiveram custo por assento acima do observado nas
arenas da Alemanha e da Coréia do Sul. Ainda assim, os dois citados custaram menos que o Saporo Dome, o Nissan Stadium (ambos no Japão) e o Cape Town
Stadium (África do Sul). Nenhum dos brasileiros chegaria ao 20º lugar numa
lista dos estádios mais caros do mundo.
Houve superfaturamento
generalizado
As obras do Beira-Rio, do Mané Garrincha, da Arena
da Baixada, do Maracanã e do Mineirão consumiram de 63% a 167% a mais do que o
previsto, mas as outras sete arenas apresentaram variações consideradas
aceitáveis. Em projetos estruturais complexos, essa margem oscila ao redor de 25%. A Fonte Nova foi realizada dentro da expectativa inicial. A Arena
Pernambuco e o Castelão ficaram abaixo dela.
Superfaturamento
só acontece aqui
Na Copa da Alemanha (2006), somando todas as sedes,
as obras em estádios saíram 50% mais caras do que o orçado inicialmente. E lá a
grande maioria das arenas foi apenas reformada. Na África do Sul (2010), os gastos
ultrapassaram as expectativas em quase 700%. No estádio de Wembley
(Inglaterra), esse índice chegou a 250%, passando de 245 milhões de libras
(1997) para 600 milhões de libras (2000), sendo que a metade veio de
empréstimos governamentais. Há muitos estudos apontando que os projetos de
arenas esportivas, em todo o mundo, tendem a exceder o previsto. O fenômeno de
deve a um leque múltiplo de razões, que as construtoras poderiam elucidar, se
algum veículo ousasse questioná-las. Mas as empreiteiras são anunciantes da
grande mídia, certo?
Corrupção é
coisa nossa
Os escândalos recentes das apostas no futebol
alemão causam prejuízos de 200 bilhões de euros. Repito: duzentos bilhões de euros, juntando propinas a jogadores, cartolas
e árbitros. Na Coréia do Sul e na Itália ocorreram casos semelhantes. Na Copa da França, o escritório local da ISL envolveu-se em esquema criminoso de
bilhetes fantasmas.
Dinheiro
jogado fora
Se clubes e governos locais tiverem um mínimo de
competência gerencial, as arenas construídas para a Copa do Mundo serão pagas
com facilidade. Só a movimentação financeira proporcionada pela Copa das Confederações ultrapassou o custo dos doze estádios destinados ao torneio
mundial, que deve gerar arrecadação três vezes maior, totalizando uma entrada de R$ 140 bilhões na economia do país. Boa parte desse montante será recolhida
em tributação estadual e municipal.
Verbas
públicas
Nenhum empreendimento de porte nacional é viável
sem participação do Estado. A Copa da França (1998) teve pesados investimentos públicos,
seja do Ministério da Juventude e dos Esportes, seja das municipalidades. Na
Alemanha de 2006, metade dos recursos teve origem estatal. Em 1974 foi tudo
pago diretamente com dinheiro público. Os exemplos abrangem outros esportes de
massa: nos EUA, os estádios do Yankees (Nova York), do Florida Marlins (Miami),do Cowboys (Dallas), do Mets (NY) e do Colt (Indianápolis) foram construídos
com gigantescos repasses municipais.
Sem Copa,
mais escolas e hospitais
Essa já foi demolida até pela Folha de São Paulo,
cujos analistas passaram anos dizendo justamente o contrário. Os gastos do
governo federal na Copa equivalem a uma semana dos investimentos que ele
realiza em educação. Somando-se as melhorias adjacentes, chega a um mês do montante
gasto na área. Mas é sempre bom lembrar que as comparações do tipo guardam
distorções graves, pois os nossos problemas de infra-estrutura básica são gerenciais, e não financeiros.
O BNDES não
serve para isso
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social financia projetos públicos e privados em diversas áreas produtivas.
Planeja investir mais de R$ 700 bilhões na indústria até 2017, sendo que apenas
o setor químico recebeu nos últimos anos cerca de R$ 24 bilhões, três vezes o
aporte destinado pelo banco de fomento à Copa. Para ficar num exemplo localizado, o grupo OI, de telecomunicações, terá empréstimos de mais de R$ 5
bilhões. Dificilmente algum desses beneficiados gera os três milhões de empregos-ano criados pela Copa no período 2010-2014.
O legado
inexistente
Aos poucos surgem matérias descobrindo as heranças
“esquecidas” pela imprensa partidária nos últimos meses. A Folha de São Paulo,
por exemplo, já admite que 53% dos projetos foram concluídos e que 41% o serão
“durante ou depois da Copa”. Quer dizer, até dezembro podemos ter 94% das
melhorias prometidas. Esses avanços incluem desde a criação de empregos à
mobilidade urbana, passando pela modernização de aeroportos e de instalações
turísticas. Nas campanhas eleitorais de governadores e prefeitos vão chover
responsáveis por um legado que não existia até outro dia mesmo.
A bagunça
brasileira
Sílvio Lancellotti foi um dos comentaristas que lamentaram
a desorganização da Copa nos EUA (1994). Lá os estádios e seus arredores chocaram
pelo improviso e receberam reclamações generalizadas. Na França (1998), as subsedes não ofereciam estrutura adequada, o Stade de France tinha problemas no
gramado, houve confusão no credenciamento de jornalistas, ação aberta de camelôs, greve dos condutores de trem e até um movimento anti-Copa. Na África
do Sul, as críticas foram tamanhas que é difícil selecionar uma fonte.
Não há
transparência
Basta acessar aqui, ou aqui, ou aqui para descobrir.
Depois tente fazer o mesmo com os pedágios do governo de Geraldo Alckmin.
3 comentários:
Seria mais sensato que o título dessa matéria fosse " Controvérsias que você ouve (e repete) sobre a Copa."
Afinal, o que devemos levar em séria consideração em tal manifesto a seguir? "Dilma garante: o que foi prometido para a Copa foi cumprido. Trem-bala, obras de mobilidade, reformas nos aeroportos, iniciativa privada bancando os R$ 30 bilhões do Mundial. Nada virou realidade"
Anônimo 1: se fosse matéria passível de crença ou interpretação, eu até concordaria com você. Mas distorcer a verdade não tem nada de "controverso".
Anônimo 2: eu diria que alguém está inventando, e não é a Dilma.
Abraços do
Guilherme
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