quinta-feira, 19 de junho de 2014

Mentiras que você ouve (e repete) sobre a Copa














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Os estádios brasileiros custaram mais

Mesmo considerando as melhorias nos arredores, apenas o Mané Garrincha e o Maracanã tiveram custo por assento acima do observado nas arenas da Alemanha e da Coréia do Sul. Ainda assim, os dois citados custaram menos que o Saporo Dome, o Nissan Stadium (ambos no Japão) e o Cape Town Stadium (África do Sul). Nenhum dos brasileiros chegaria ao 20º lugar numa lista dos estádios mais caros do mundo.

Houve superfaturamento generalizado

As obras do Beira-Rio, do Mané Garrincha, da Arena da Baixada, do Maracanã e do Mineirão consumiram de 63% a 167% a mais do que o previsto, mas as outras sete arenas apresentaram variações consideradas aceitáveis. Em projetos estruturais complexos, essa margem oscila ao redor de 25%. A Fonte Nova foi realizada dentro da expectativa inicial. A Arena Pernambuco e o Castelão ficaram abaixo dela.
  
Superfaturamento só acontece aqui

Na Copa da Alemanha (2006), somando todas as sedes, as obras em estádios saíram 50% mais caras do que o orçado inicialmente. E lá a grande maioria das arenas foi apenas reformada. Na África do Sul (2010), os gastos ultrapassaram as expectativas em quase 700%. No estádio de Wembley (Inglaterra), esse índice chegou a 250%, passando de 245 milhões de libras (1997) para 600 milhões de libras (2000), sendo que a metade veio de empréstimos governamentais. Há muitos estudos apontando que os projetos de arenas esportivas, em todo o mundo, tendem a exceder o previsto. O fenômeno de deve a um leque múltiplo de razões, que as construtoras poderiam elucidar, se algum veículo ousasse questioná-las. Mas as empreiteiras são anunciantes da grande mídia, certo?

Corrupção é coisa nossa

Os escândalos recentes das apostas no futebol alemão causam prejuízos de 200 bilhões de euros. Repito: duzentos bilhões de euros, juntando propinas a jogadores, cartolas e árbitros. Na Coréia do Sul e na Itália ocorreram casos semelhantes. Na Copa da França, o escritório local da ISL envolveu-se em esquema criminoso de bilhetes fantasmas.

Dinheiro jogado fora

Se clubes e governos locais tiverem um mínimo de competência gerencial, as arenas construídas para a Copa do Mundo serão pagas com facilidade. Só a movimentação financeira proporcionada pela Copa das Confederações ultrapassou o custo dos doze estádios destinados ao torneio mundial, que deve gerar arrecadação três vezes maior, totalizando uma entrada de R$ 140 bilhões na economia do país. Boa parte desse montante será recolhida em tributação estadual e municipal.

Verbas públicas

Nenhum empreendimento de porte nacional é viável sem participação do Estado. A Copa da França (1998) teve pesados investimentos públicos, seja do Ministério da Juventude e dos Esportes, seja das municipalidades. Na Alemanha de 2006, metade dos recursos teve origem estatal. Em 1974 foi tudo pago diretamente com dinheiro público. Os exemplos abrangem outros esportes de massa: nos EUA, os estádios do Yankees (Nova York), do Florida Marlins (Miami),do Cowboys (Dallas), do Mets (NY) e do Colt (Indianápolis) foram construídos com gigantescos repasses municipais.

Sem Copa, mais escolas e hospitais

Essa já foi demolida até pela Folha de São Paulo, cujos analistas passaram anos dizendo justamente o contrário. Os gastos do governo federal na Copa equivalem a uma semana dos investimentos que ele realiza em educação. Somando-se as melhorias adjacentes, chega a um mês do montante gasto na área. Mas é sempre bom lembrar que as comparações do tipo guardam distorções graves, pois os nossos problemas de infra-estrutura básica são gerenciais, e não financeiros.

O BNDES não serve para isso

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social financia projetos públicos e privados em diversas áreas produtivas. Planeja investir mais de R$ 700 bilhões na indústria até 2017, sendo que apenas o setor químico recebeu nos últimos anos cerca de R$ 24 bilhões, três vezes o aporte destinado pelo banco de fomento à Copa. Para ficar num exemplo localizado, o grupo OI, de telecomunicações, terá empréstimos de mais de R$ 5 bilhões. Dificilmente algum desses beneficiados gera os três milhões de empregos-ano criados pela Copa no período 2010-2014.

O legado inexistente

Aos poucos surgem matérias descobrindo as heranças “esquecidas” pela imprensa partidária nos últimos meses. A Folha de São Paulo, por exemplo, já admite que 53% dos projetos foram concluídos e que 41% o serão “durante ou depois da Copa”. Quer dizer, até dezembro podemos ter 94% das melhorias prometidas. Esses avanços incluem desde a criação de empregos à mobilidade urbana, passando pela modernização de aeroportos e de instalações turísticas. Nas campanhas eleitorais de governadores e prefeitos vão chover responsáveis por um legado que não existia até outro dia mesmo.

 A bagunça brasileira

Sílvio Lancellotti foi um dos comentaristas que lamentaram a desorganização da Copa nos EUA (1994). Lá os estádios e seus arredores chocaram pelo improviso e receberam reclamações generalizadas. Na França (1998), as subsedes não ofereciam estrutura adequada, o Stade de France tinha problemas no gramado, houve confusão no credenciamento de jornalistas, ação aberta de camelôs, greve dos condutores de trem e até um movimento anti-Copa. Na África do Sul, as críticas foram tamanhas que é difícil selecionar uma fonte.

Não há transparência

Basta acessar aqui, ou aqui, ou aqui para descobrir. Depois tente fazer o mesmo com os pedágios do governo de Geraldo Alckmin.

3 comentários:

Anônimo disse...

Seria mais sensato que o título dessa matéria fosse " Controvérsias que você ouve (e repete) sobre a Copa."

Anônimo disse...

Afinal, o que devemos levar em séria consideração em tal manifesto a seguir? "Dilma garante: o que foi prometido para a Copa foi cumprido. Trem-bala, obras de mobilidade, reformas nos aeroportos, iniciativa privada bancando os R$ 30 bilhões do Mundial. Nada virou realidade"

Unknown disse...

Anônimo 1: se fosse matéria passível de crença ou interpretação, eu até concordaria com você. Mas distorcer a verdade não tem nada de "controverso".

Anônimo 2: eu diria que alguém está inventando, e não é a Dilma.

Abraços do
Guilherme