quarta-feira, 17 de março de 2010

O fim do ombudsman


A Folha de São Paulo ficará dois meses sem ombudsman. Não há qualquer explicação para a lacuna, que seria tratada com a devida gravidade se alguém ainda levasse o jornal a sério.

Mas, realmente, fará alguma diferença? Ninguém espera grandes avanços depois que um profissional atencioso e preparado como Carlos Eduardo Lins da Silva foi incapaz de impedir exemplos de subjornalismo (a ficha falsa de Dilma Rousseff, o dossiê contra Victor Martins, a planilha de gastos do casal FHC, a tentação sexual de Lula), proselitismo reacionário (a Ditabranda e seus congêneres, o antipetismo botocudo) ou favorecimentos corporativos (a defesa da TV paga). Isso tudo em apenas dois anos de atividade.

Nas empresas que se preocupam com a fidelidade de seus clientes, o ouvidor possui função deliberativa: constrange funcionários, arranca soluções, desfaz vícios burocráticos. Já o ombudsman jornalístico virou função decorativa. Uma grife modernosa para criar ilusões participativas no leitor, devolvendo-lhe os invariáveis remedos justificativos das editorias. Convenhamos, é absurdo imaginar que uma empresa de comunicação de grande porte necessita contratar alguém que lhe aponte os erros mais bizantinos. Todo jornalista mediano, diplomado ou não, sabe perfeitamente reconhecer seus desvios cotidianos.

A Folha finge que não deve satisfações aos leitores, como se os seus tropeços administrativos (e seus desvios ideológicos) tivessem um respaldo transcendente e imutável. É esse despeito hipócrita que destrói a reputação do jornal.

2 comentários:

Anônimo disse...

Sobrarão apenas erratas .
Serão corrigidos acentos e virgulas e o leitor será como sempre polarizado por más intenções.
Quem mais pode detectar subjornalismo é bom jornalista.
Quanto ao leitor , felizes dos muitos que acham suas subcertezas nas entrelinhas dos acontecimentos.
Mais feliz de quem faz a história e não precisa de jornal nenhum pra saber como deve mentir.
Pelo menos um reserva deveria ser convocado da mesma forma como é feito com um bom time de futebol.

Anônimo disse...

Panfleto em via de extinção.Abr.Roberto.