quarta-feira, 25 de abril de 2012

Prudência


“Eu, eu, eu, a Globo se fodeu”, gritavam em estado de graça os pontepretanos no Pacaembu. Dá para imaginar o desapontamento da Federação Paulista, da imprensa corporativa e dos financiadores televisivos do futebol com uma semifinal realizada em Campinas. E a raiva dos analistas, humilhados em seus favoritismos de araque, tendo de fornecer audiência para a mais antiga rivalidade do estado, o dérbi centenário.

Por isso, e levando em conta a arbitragem de Rodrigo Braghetto, que favoreceu descaradamente o Corinthians no domingo, as diretorias pontepretana e bugrina precisam atuar com agressividade junto à FPF. Não adianta espernear depois que o vencedor do dérbi chegar à decisão estraçalhado por cartões amarelos e vermelhos. É necessário vetar certas figuras manjadíssimas de antemão, fazer barulho, pressionar os escolhidos, fomentar polêmicas junto à imprensa. Se juiz e auxiliares forem recebidos com a docilidade puritana habitual, eles facilitarão as coisas para São Paulo ou Santos e ninguém fará (nem poderá fazer) nada.

Outro importante foco de atenção deve recair no tratamento que será dispensado à torcida visitante alvinegra pela Polícia Militar e pela diretoria do Guarani. Numa temerária coincidência, os maiores defensores da realização do dérbi com torcida única são os grandes responsáveis pela segurança da partida. Vencido o fantasma desse retrocesso jeca, alguém precisa lembrar os envolvidos de que os adversários do futebol campineiro agora só precisam de alguma demonstração de provincianismo que reforce a apologia da superioridade dos bilionários “grandes” sobre os caipiras incivilizados. Talvez para tirar a final de Campinas, por exemplo, metendo-a num ambiente mais asséptico e manipulável.

Um pouco de malícia faria bem às já rarefeitas chances de Ponte e Bugre nas finais que um deles disputará contra tudo e contra todos.

Nenhum comentário: